Educação

Covid-19: Reitores relatam fraca adesão à testagem. Alunos do secundário dizem “presente”

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 25-05-2021

Os representantes dos reitores das universidades e presidentes dos politécnicos relataram hoje que os estudantes aderem cada vez menos aos rastreios à covid-19, mas no secundário os alunos aceitam ser testados quando é preciso, dizem os diretores escolares.

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Em abril, com a retoma das aulas presenciais, as instituições de ensino superior realizaram rastreios na comunidade académica, no âmbito do programa de testagem da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), com o objetivo de assegurar a maior segurança possível no regresso às aulas presenciais.

Depois desse primeiro rastreio, algumas universidades e politécnicos com capacidade laboratorial mantiveram a testagem regular à covid-19, mas da parte dos estudantes parece haver alguma resistência, conforme noticiou hoje o jornal Público.

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No caso da Universidade de Lisboa (UL), por exemplo, o vice-reitor João Barreiros disse ao Público que cerca de um terço dos alunos convocados não comparece no momento da testagem, uma resistência que afirma ter vindo a ser crescente.  

Em declarações à agência Lusa, o reitor da Universidade do Porto (UP) não confirma esta tendência, mas apenas porque, da sua experiência, essa adesão nunca foi alta.

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“A sensação que posso transmitir é que não houve propriamente uma redução, porque nunca houve uma afluência alta”, relatou António de Sousa Pereira, que diz não ter noção daquilo que se passa a este nível nas restantes universidades.

Recordando os vários rastreios realizados naquela instituição desde o ano passado, o também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) refere que a taxa de adesão entre a generalidade da comunidade académica foi sempre mais baixa em comparação com o esperado e desejado.

No Instituto Politécnico de Setúbal, presidido por Pedro Dominguinhos, são sobretudo os estudantes quem falha a convocatória e a tendência também tem sido o agravamento da situação.  

“Quando comparamos com a primeira fase, com aquela testagem massiva, houve uma redução drástica”, refere Pedro Dominguinhos, que é também o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).

Sem conseguir confirmar se o mesmo se verifica em outros politécnicos, Pedro Dominguinhos refere que em Setúbal a adesão à testagem, que é semanal e através de uma convocatória aleatória, se situa atualmente nos 15%, muito abaixo dos números registados na retoma das aulas presenciais.

Além do ensino superior, também nas escolas básicas e secundárias a reabertura se fez acompanhar de rastreios à covid-19, que decorreram em todas os estabelecimentos de ensino durante as primeiras semanas de atividades.

Estes rastreios, que só envolveram os alunos a partir do 10.º ano, repetiram-se nos concelhos com maior incidência, mas a experiência relatada pelos diretores escolares é diferente.

“A ideia que eu tenho é que há uma boa parte dos alunos que resiste um pouquinho, mas fazem os testes quando é preciso”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) Manuel Pereira, explicando que essa resistência é apenas falta de vontade, sem tradução para uma recusa efetiva que, não sendo inexistente, é muito rara.

Falando em casos concretos, o presidente de outra associação representativa dos diretores escolares relata a mesma tendência.

Em escolas dos concelhos de Cascais, Castelo de Paiva, Porto e Vila Nova de Gaia, que o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) auscultou hoje, a adesão dos estudantes aos rastreios realizados foi significativa.

“Os alunos aderiram bastante à testagem, a grande maioria participou”, afirmou Filinto Lima, precisando que na generalidade daqueles estabelecimentos de ensino a adesão dos jovens rondou os 90%, ou mais em alguns casos.

No entender dos dois diretores, as famílias e as próprias escolas também têm um papel importante para este resultado, através da sensibilização dos alunos para a importância de realizarem os testes de diagnóstico.

“Nós temos todos estado a trabalhar para que eles percebam que, desta vez, os seus atos podem ter influência nas próprias famílias”, sublinhou Manuel Pereira, acrescentando que os jovens “podem não gostar, mas o que está em causa é também proteção das suas famílias”.

Rui Martins, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) reconhece igualmente e importância das famílias em todo este processo, defendendo que devem chamar a atenção dos seus filhos para a necessidade de participarem no combate à pandemia, incluindo a este nível.

“As famílias têm de falar de forma assertiva e construtiva, de modo a todos combatermos este vírus”, disse, referindo ainda que “ninguém gosta de fazer testes”, mas é necessário fazer ver aos jovens que esse é um mal necessário a que ninguém se deve escusar.

Do lado do ensino superior, o trabalho de sensibilização será também uma prioridade das instituições, segundo os presidentes do CRUP e do CCISP, que reforçaram o apelo à responsabilidade individual dos estudantes, dentro e fora do ‘campus’.

Na segunda-feira, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, confirmou o reforço da testagem à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, face ao aumento da incidência, considerando essencial o corte das cadeias de transmissão.

Segundo Diogo Serras Lopes, a intensificação da testagem vai seguir o mesmo modelo de anteriores abordagens, “com testes PCR, testes rápidos e a aplicação de testes tanto setorialmente – onde os surtos sejam efetivamente setoriais – como em contextos familiares ou de bairro”.

As medidas concretas a implementar na região de Lisboa e Vale do Tejo serão apresentadas hoje.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.475.079 mortos no mundo, resultantes de mais de 167,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.021 pessoas dos 845.840 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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