Um novo estudo revelou que a COVID-19 pode ter uma consequência inesperada: acelerar o envelhecimento dos vasos sanguíneos. Segundo a investigação, as mulheres e as pessoas que sofrem de COVID prolongada parecem ser mais afetadas do que os homens.
O estudo analisou mais de 2.000 participantes de 16 países, dividindo-os em quatro grupos: pessoas não infetadas, pessoas com sintomas ligeiros de COVID, pessoas tratadas em unidades normais e pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos devido à doença.
Para avaliar a idade dos vasos sanguíneos, os investigadores utilizaram um dispositivo que mede a velocidade com que uma onda de pressão arterial se desloca da artéria carótida até às artérias femorais. Quanto maior a velocidade, mais rígidos são os vasos e maior é a idade vascular.
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As medições foram feitas seis e doze meses após a infeção, tendo em conta outros fatores que podem influenciar a rigidez dos vasos, explica o jornal Die Welt.
À medida que envelhecemos, os vasos sanguíneos tornam-se naturalmente mais rígidos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, como AVC ou ataque cardíaco. O estudo revela que, mesmo em infeções ligeiras, os vasos sanguíneos de pessoas que tiveram COVID eram mais rígidos do que os de pessoas nunca infetadas.
Os investigadores observaram ainda que pessoas vacinadas apresentavam vasos sanguíneos, em média, menos rígidos do que as não vacinadas. Quanto ao género, a diferença foi significativa nas mulheres, mas não nos homens, sugerindo que o efeito da COVID-19 nos vasos sanguíneos é mais pronunciado no sexo feminino. Contudo, os autores apontam que este resultado pode estar relacionado com um “viés de sobrevivência”, uma vez que mais homens morreram devido à COVID-19.
De forma geral, os efeitos da COVID-19 sobre o envelhecimento dos vasos sanguíneos estabilizaram ou diminuíram com o tempo. “O estudo é de certa forma muito provocador. Muitas pessoas tiveram COVID. Queremos fazer de tudo para não envelhecer. Isto, claro, faz-nos parar e prestar atenção”, comentou Heribert Schunkert, vice-presidente da Fundação Alemã do Coração.
Os investigadores alertam, porém, que é necessário analisar os resultados com cuidado, perceber se os grupos eram comparáveis e determinar se a COVID-19 foi realmente a única causa do envelhecimento acelerado observado.
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