Coimbra

Covid-19: Contrair doença só “acontece aos outros” – inquérito

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 09-04-2020

 A maioria dos participantes num inquérito da Universidade Nova considera que o risco de contrair covid-19 é muito maior para a população em geral do que para eles, partilhando a ideia que “só acontece aos outros”.

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Os dados fazem parte do barómetro covid-19, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa, que hoje foram tornados públicos.

Dos resultados salienta-se que 35% dos inquiridos consideram que tem um risco baixo ou nulo de contrair covid-19, e que no entanto mais de 80% entendem que o risco para a saúde da população é elevado.

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Foram preenchidos 157.972 questionários, o que leva os responsáveis a dizer que em relação à perceção de risco “os portugueses têm dois pesos e duas medidas”.

Sónia Dias, coordenadora científica do questionário semanal que acompanha a evolução das perceções dos cidadãos sobre a pandemia, disse à agência Lusa que se está perante a situação comum de se pensar que “só acontece aos outros”, apesar de ao mesmo tempo parecer haver uma avaliação correta do risco.

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Os resultados do barómetro indicam que quase metade dos inquiridos (44,4%) percecionam ter um risco moderado de contrair covid-19 e 21% consideram ter risco elevado

“De entre as pessoas que se consideram em risco moderado, aproximadamente 87% consideram que o risco para a saúde da população é maior do que o seu risco. Mesmo nas pessoas que sentem que têm um risco baixo ou nulo de contrair covid-19, mais de 80% consideram que o risco para a saúde da população é elevado”, dizem os resultados hoje divulgados.

E se não há diferenças significativas entre homens e mulheres a perceção difere com a idade: à medida que aumenta é também maior a perceção de risco elevado de contrair a doença. E essa perceção é maior no centro e norte do país.

Dos que percecionam maior risco de contrair covid-19 estão em destaque os que fazem parte de grupos profissionais de maior risco, sejam profissionais de saúde, sejam forças de segurança, entre outros. E também os que moram com essas pessoas.

Sónia Dias estranha no entanto que haja neste grupo de profissionais de maior risco 14,5% de pessoas que consideram ter um risco baixo ou nulo. “Pode haver pouca consciência do risco”, admite.

A perceção de risco está também muito ligada com as condições de saúde de cada um, com os que têm mais doenças a sentir mais o risco de contrair covid-19.

De resto, destaca Sónia Dias, do barómetro conclui-se também que “há um conhecimento relativamente bom dos fatores de risco associados à covid-19, com a grande maioria a estar a usar fontes de informação credíveis, deixando as redes sociais “mais para o convívio”.

“Parece haver uma relação entre o nível de confiança nas autoridades de saúde e governamentais e a perceção de risco de contrair covid-19”, adiantam os investigadores.

A análise mostra também que são as pessoas que se sentem pouco ou nada confiantes na capacidade de resposta do Governo à pandemia que percecionam maior risco de contrair covid-19.

Sónia Dias destaca como preocupação a questão da saúde mental. “Deixa-nos um pouco inquietos a proporção de pessoas que refere estar ansiosa, agitada ou triste”, disse a responsável à Lusa, adiantando que essas situações estão por vezes associadas a medos de perda de rendimentos ou de contrair a doença.

A questão vai ser analisada em mais pormenor no futuro, disse.

O barómetro covid-19 pretende acompanhar a evolução das perceções de risco, da confiança nas instituições ou cumprimento das medidas de proteção.

Fazem parte da equipa investigadores, médicos de Saúde Pública, epidemiologistas, estatísticos, economistas, sociólogos e psicólogos.

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