Opinião

Contas justas

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 16 minutos atrás em 28-06-2025

Chamam-lhe, agora, contas justas num país distanciado de quem manda e de quem obedece. Macropolítica, esquecidas as agruras do povo, a fraternidade e, mais importante, a caça ao imigrante.

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Como estamos aproados, vamos poupar, nas estimativas feitas pelo Ministério das Finanças e amplamente disseminadas, vamos poupar, retomo, 34 euros anuais para rendimentos de 1000 euros, um contribuinte sem filhos e os 400 euros, para um casal em que ambos os membros tenham rendimentos de 3000 euros. Notado o embuste da progressividade, entretemo-nos a demitir direções de informação da imprensa pública, a nomear os nossos e a afunilar o pensamento. A tradicional limpeza pós eleitoral continua à solta, doutrinados pelo viés e, de caminho, venderemos o que não é estratégico, sem que nos expliquem o que tal coisa seja.

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Na banca, 80% é espanhol e francês. A rede energéticas nacional é chinesa, as pistas de aviação são francesas e, de comum, os amigos empregados, eis o esplendor pátrio, onde, sabemos agora, o combate ao crime passa pela lei da nacionalidade. Num país de emigrados, o crime é diferente se forem nacionais ou naturalizados. E isto tomado sem estudo, não há dados relativos a 2024, o funcionamento do Observatório das Migrações está suspenso e estamos assim, governados pela obscuridade, cada vez mais a reboque da extrema-direita que nos haverá de engolir a todos.

A nós, esta raça pura, tal como o cavalo de Alter do Chão, o sangue lusitano que terá, lá vou eu, duplo bónus no IRS para quem aufere salários acima dos 3.500 euros brutos mensais. Uma escolha, os do topo tudo, os da base, criminosos e mais nada. Sabendo nós que a maioria dos trabalhadores ganha pouco mais do que o salário mínimo, e que tantas vezes precisa da Justiça para receber o rogado.

Retirado dum lado, terá de se ir buscar a outro. para reforçar o SNS, habitação, escola pública ou as pensões.

O fosso social cresce, a caminho do liberalismo, ou da liberalidade no dizer do outo, esquecida a descida progressiva e responsável dos impostos.

É o que temos. Isso e a justiça que, deixando de fora os verdadeiros culpados, quis acusar o comando dos bombeiros de Pedrogão. Ora o Tribunal da Relação de Coimbra confirmou a absolvição dos arguidos do processo dos incêndios de Pedrógão Grande, considerou que nem o rigoroso cumprimento dos deveres evitava as mortes e os feridos, dada a excecionalidade dos fogos.

Entretanto folguemos, são 2000 milhões de euros de redução do IRS previstos até 2029 que, prometem não porão em causa as contas justas, como diz o jovem diplomata. Só a coesão social.

Justas? Só se for na justiça de Fafe.

OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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