Coimbra

Conimbricense Álvaro Cunhal continua no Top do Avante

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 07-09-2013

Um século após nascer, quase quatro décadas depois do 25 de abril e oito anos sobre a sua morte, o histórico líder comunista Álvaro Cunhal é consensual entre os militantes e visitantes da Festa do “Avante!”, dos 10 aos 80.

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Várias iniciativas têm marcado este ano de centenário e o grande evento comunista é cenário de uma exposição sobre a vida e obra do marcante secretário-geral do PCP, dos espaços mais concorridos entre os hectares repletos de gente da Quinta da Atalaia, no Seixal.

“É uma exposição muito marcante. É impossível não sair daqui sentido e emocionado, com as imagens, vídeos, o que lemos, a última carta dele. Uma exposição que nos marca a nós todos comunistas, de certeza, mas acho que às pessoas em geral. A história dele está muito ligada à do país, é indissociável”, confessou à Lusa a contabilista Ana, de 28 anos, todos vividos em liberdade, mas a sonhar com “um país melhor, em que todos tenham os mesmos direitos”.

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A militante do PCP considera que todos estão “sempre agradecidos” a Cunhal e outras pessoas que os fizeram nascer “em liberdade” para poder “viver a vida”.

“As nossas restrições são outras e também existem. No fundo, temos de transpor essa luta em ditadura para a luta em democracia que também nos amarra”, frisou, adiantando já ter visitado a exposição aquando da sua mostra em Lisboa, no Terreiro do Paço.

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Daniel Relva, de 10 anos e acompanhado pela mãe, Carla Relva, com 45 anos, destacou “a forma como ele fugiu da prisão, de uma maneira muito estranha… mas fugiu”, reconhecendo tratar-se de uma “figura importante” num regime que “era muito mau, com a PIDE” e prometendo “lutar contra o Governo” (para manter a liberdade e os seus direitos).

A progenitora e técnica de ação educativa considerou tratar-se de “uma homenagem muito justa, mas desejou uma ainda melhor: “era o povo português libertar-se, revoltar-se e fazer o melhor de todos os tributos, ir à luta e dizer ‘Portugal é nosso'” dados os “sacrifícios que ele (Cunhal) fez”.

À saída dos pavilhões, o motorista reformado António Ribeiro, 61, zelava pela ordem e adiantava que “as pessoas têm aderido bem e gostam da exposição” porque “os camaradas ficam contentes com este tipo de exposição”.

“É uma pessoa da qual tenho boas lembranças, estima. Um homem impecável, sempre disposto a ajudar e a dar bons conselhos a todos, a fazer o melhor pelo seu povo e o seu país”, destacou o vigilante.

Com 80 anos, o escriturário reformado Jacinto Teixeira concordou tratar-se da “homenagem que o homem e a figura, o revolucionário, merece” (…), muito embora considere que só “uma fação particular conseguiu absorver tudo o muito de bom que o homem, a pessoa e o revolucionário transmitiu aos portugueses”.

Álvaro Cunhal nasceu a 10 de novembro de 1913, em Coimbra, tornou-se membro do PCP em 1931, mergulhou na clandestinidade em virtude do combate contra o regime fascista do Estado Novo e passou toda a década de 1950 preso.

Em 1960, juntamente com outros elementos, conseguiu fugir da prisão de Peniche e o exílio foi a única solução até 1974 e à ‘Revolução dos Cravos’. Desempenhou o cargo de secretário-geral comunista entre 1961 e 1992, ano em que passou a ‘pasta’ a Carlos Carvalhas, tendo vindo a falecer em 13 de junho de 2005.

Além de toda a luta política e desempenho de cargos públicos, Manuel Tiago, seu heterónimo artístico produziu numerosas obras plásticas e literárias. Cunhal assinou ainda uma extensa obra de ensaio teórico no campo da política e da arte.

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