Coimbra

Conflitos entre vendedores por causa de lugares na Feira dos 7 e dos 23 em Bencanta (com vídeos)

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 25-02-2022

O recinto da Feira dos 7 e dos 23 em Bencanta, Coimbra, foi requalificado para evitar o “lamaçal” que enchia o espaço sempre que chovia e dar mais conforto a compradores e vendedores. Contudo, o regresso ao recinto depois das obras tem sido marcado por conflitos entre os feirantes por causa dos lugares que ainda não foram marcados. Ao Notícias de Coimbra, a Junta de Freguesia garante que até ao final de março tudo estará em ordem. 

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“De manhã é um caos! Gritam, ralham… é uma desgraça”, conta Isabel Melo, que há mais de uma década faz este certame. “Na primeira feira depois das obras [7 de fevereiro] até jogaram à porrada por causa dos lugares, queriam bater ao presidente [da junta] e tudo”, diz Carlos Matos, que vende tapetes em Bencanta há nove anos. 

Os vendedores começam a chegar por volta das 05:00 para montarem as suas bancas e logo a essa hora tem havido “confusão”. “Está tudo a reclamar por causa dos lugares. Eu devia estar onde estava antes porque as pessoas já estavam habituadas. Saiu daqui uma senhora que estava a vender azeitonas e couves e já vieram reclamar comigo porque eu estava no lugar deles”, desabafou o mesmo feirante ao NDC.

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“Fiz barulho, fiz”, assume Lurdes Soares que há mais de 20 anos vem de Lamego para vender em Coimbra. “Eu sou a mais antiga a vender fumeiros. As pessoas chegam aqui e marcam, quando cheguei já nem cabia a carrinha. Houve confusão e fui chamar os da junta”, remata. 

Outra das críticas apontadas é a “desorganização” do espaço. “Não está nada como eles disseram, a feira está toda desorganizada, há chouriços misturados com ferramentas”, lamenta Isabel Francisco, vendedora de tapetes com o marido. “Disseram que iam marcar por setor e afinal não está nada disso”, reforça. Também Lurdes Soares esperava encontrar a “charcutaria toda numa secção, afinal é um em cada canto”. 

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Contactado pelo NDC Jorge Veloso, presidente da União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, afirmou que, ao contrário do que foi afirmado pelo vereador Miguel Fonseca, na última reunião de Câmara (21 de fevereiro) as obras ainda não estão concluídas. “Na semana passada fizemos uma reunião no local com o vereador e ficou combinado que tínhamos de fazer mais três arruamentos”, revelou. São essas ruas que vão permitir “uniformizar mais os lugares e organizar a feira por setores”, assegurou, dando conta que “alguns feirantes estão em lugares provisórios”.

Questionado sobre para quando poderia ser dada por terminada a intervenção, o autarca referiu que no final de março estará tudo terminado, informando que além dos arruamentos e das marcações ainda falta equipar as casas de banho. 

A empreitada do município, de valor superior a 330 mil euros, contemplou, segundo Miguel Fonseca, “a melhoria dos pavimentos, da ordenação dos espaços (o recinto foi todo vedado, as zonas foram delimitadas e procedeu-se à pintura e sinalização rodoviária), a definição de uma nova zona de restauração e de estacionamento, da plantação de árvores e o controlo dos acessos” tendo em vista um “maior conforto e segurança para os vendedores e utilizadores”.

Manuel Santos não falha uma feira, mesmo que não seja para comprar, gosta de apreciar. “Está muito diferente do que era, hoje podemos vir descalços ou com umas meias”, sustenta, lembrando os tempos em que “ficava tudo cheio de lama”. Também António Silva, cliente habitual, não esquece “o lamaçal” sempre que chovia e diz que as obras “estão bem, deviam era ter sido feitas há mais tempo”.

Se os compradores se mostram satisfeitos com a requalificação, o mesmo não se pode dizer dos feirantes. É que além das queixas em relação aos lugares também as caraterísticas do piso merecem críticas. “Alcatroaram só para os clientes, nós ficamos aqui na brita e se chover vai haver lama outra vez”, sublinha Carlos Matos, sentindo que o negócio está a ser afetado pelas alterações. “Para os clientes está ótimo, para os feirantes estamos na terra na mesma, se chover ficamos na lama,  mas ter para os clientes já é bom”, refere Lurdes Soares. 

Jorge Veloso assegura que tudo foi pensado e que o piso “não vai fazer lama”, de qualquer forma, lembra: “não estamos num centro comercial, isto é uma feira”. Os feirantes não têm autorização para “espetar estacas no alcatrão” e por isso a zona de venda é em brita prensada. 

A Feira de Bencanta conta com 300 feirantes, cada um paga por uma área de sete metros por cinco, cinco euros e de 14 por cinco o dobro. No caso dos bares os preços sobem para 15 euros por cada espaço de sete por cinco metros. Com a requalificação os vendedores só podem entrar no recinto com um cartão eletrónico e com as quotas em dia. Além disso, tudo tem de estar montado até às 08:15 sendo fechada uma cancela a partir dessa hora para que não circulem mais automóveis.

O certame realiza-se aos dias 7 e 23 de cada mês, quando calha a um domingo é antecipado para sábado. 

Veja os diretos NDC na Feira dos 23: 

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