Portugal

Confissões religiosas voltam a manifestar-se contra a aprovação da lei da eutanásia

Notícias de Coimbra com Lusa | 12 meses atrás em 15-05-2023

O Grupo de Trabalho Inter-Religioso, Religiões-Saúde (GTIR), que agrupa diferentes confissões religiosas, voltou hoje, dia 15 de maio, a manifestar-se contra a eutanásia, considerando que, com a aprovação da lei na sexta-feira, dia 12 de maio, “uma fissura irreparável foi aberta no dique da vida”.

PUBLICIDADE

Os nove signatários da declaração “Cuidar até ao fim com compaixão”, datada de 16 de maio de 2018, defendem que, “com a aprovação da lei da eutanásia e morte assistida a pedido” pelo parlamento, “o princípio ético ‘não matarás’, presente em diversas culturas e diferentes tradições religiosos do Oriente ao Ocidente, que fez a sociedade evoluir para uma cultura do cuidado, fica seriamente comprometido pela decisão política de uma maioria”.

“Na verdade, a morte fica mais barata e cómoda do que criar e manter instituições para cuidar com humanidade e compaixão a vida, sobretudo a vida frágil, até ao seu fim natural”, considera o GTIR, questionando: “Onde estão os cuidados paliativos acessíveis aos doentes que deles necessitam?”

PUBLICIDADE

Segundo estas confissões religiosas, “a morte a pedido é uma falsa forma de compaixão e representa uma inversão de valores”.

“Há que estar muito atento à possibilidade de serem abertas novas fissuras com novas iniciativas legislativas para evitar que o dique da vida seja, passo a passo, completamente derrubado. A evidência do deslizamento para uma cultura do descarte e da morte está aí e a prática dos países eutanásicos, nomeadamente no Canadá, na Bélgica e na Holanda, aponta o indesejado caminho do futuro”, lê-se num comunicado do GTIR, hoje divulgado.

PUBLICIDADE

publicidade

No documento, é defendido que “cada ser humano é intrinsecamente digno, independentemente de qualquer critério psicológico, económico, sociológico ou político. O ser humano é digno porque é humano”.

“Face à legalização da eutanásia e da morte a pedido, os cuidadores e profissionais do cuidado têm o direito de fazer objeção de consciência. Os profissionais crentes, para além do direito, têm também o dever de objetar. A todos os doentes tem de continuar a ser garantido o direito ao acompanhamento espiritual e religioso”, acrescenta o Grupo.

Para o GTIR, “a eutanásia e a morte a pedido tornam-se legais, mas não deixam de ser eticamente inaceitáveis e socialmente reprováveis. A lei não torna ética uma prática que não o é”.

Na sexta-feira, o parlamento confirmou o decreto sobre a morte medicamente assistida, que tinha sido vetado pelo Presidente da República, com um total de 129 votos a favor, obrigando à sua promulgação.

De acordo com a Constituição da República, perante um veto, o parlamento pode confirmar o texto por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, 116 em 230, e nesse caso, o Presidente da República terá de promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da data da receção.

No mesmo dia, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que vai promulgar a lei da eutanásia, porque a Constituição que jurou defender não deixa outra alternativa.

“Eu jurei a Constituição. A Constituição obriga o Presidente a promulgar uma lei que vetou e que foi confirmada pela Assembleia da República (…) é o meu dever constitucional”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, católico praticante, em Estarreja (Aveiro).

O GTIR é constituído pela Aliança Evangélica Portuguesa, as comunidades Hindu Portuguesa, Islâmica de Lisboa e Israelita de Lisboa, a Igreja Católica, a União Budista Portuguesa, a União Portuguesa dos Adventistas do Sétimo Dia, a Igreja Ortodoxa Sérvia de Portugal e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons).

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE