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Companhia Marionet celebra 25 anos num percurso de mãos dadas com a ciência

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 horas atrás em 21-10-2025

Imagem: Facebook

A Marionet, sediada em Coimbra, celebra 25 anos de um percurso criativo focado no cruzamento entre teatro e ciência, afirmou o diretor da companhia, que lamenta a falta de um espaço próprio para a estrutura na cidade.

A celebração dos 25 anos coincide com a reposição, na quinta-feira, do espetáculo “O Virtuoso”, no Convento São Francisco, inserido no colóquio internacional Theatre About Science, coorganizado pela Marionet desde 2021.

Ao longo de mais de duas décadas de existência, o trabalho desta companhia profissional de Coimbra tem-se destacado pelo progressivo foco no cruzamento entre teatro e ciência, com espetáculos que falam de questões tão distintas como a pílula, doenças reumáticas, a epilepsia, o interior de um telemóvel, a doença bipolar ou a tabela periódica.

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“Não estamos fechados, porque a ciência não nos fecha. Há em tudo ciência, quem faz a ciência são pessoas e quem usufrui ou sofre com a ciência também são pessoas”, disse à agência Lusa Mário Montenegro, diretor da companhia e um dos seus fundadores.

A Marionet nasceu em 2000 pela mão de Mário Montenegro e Nuno Pinto, dois atores que trabalhavam na Escola da Noite, em Coimbra, e decidiram criar uma nova estrutura.

Pouco tempo depois da estreia da primeira peça – em nada relacionada com ciência -, Nuno Pinto abandonou o projeto e Mário Montenegro decidiu avançar com uma criação que refletisse sobre a posição do humano no mundo e no universo e acabou a falar sobre o momento em que a Terra deixou de estar no centro do sistema solar.

“Isso levou-nos ao tema da cosmologia e, logo nesse projeto, tivemos o professor [de Física] Carlos Fiolhais como consultor científico”, recorda o diretor, sobre a peça “A Revolução dos Corpos Celestes”.

A escolha de um tema científico foi uma decisão “completamente acidental” e, na altura da sua estreia, não havia sequer intenção da companhia em aprofundar a relação entre teatro e ciência, mas as reações à peça – “sobretudo do tema abordado” – levou a companhia a perceber “que havia um espaço que não estava preenchido”, explicou.

A companhia foi enamorando a ideia e criando relações com instituições e pessoas que trabalhavam na Universidade de Coimbra.

“O facto de estarmos numa cidade em que a universidade é um elemento essencial, em que é desenvolvida muita investigação, foi fulcral para depois conversa, puxa conversa, espetáculo, puxa espetáculo”, contou.

Mais tarde, em 2009, começaram a fazer criações de espetáculos com investigadores científicos para a Noite Europeia dos Investigadores, com peças que refletiam sobre “o funcionamento social” da ciência.

O trabalho em torno de temas científicos foi-se intensificando, além de várias iniciativas paralelas, como um centro de documentação em artes performativas e ciência, que já conta com cerca de 170 obras, algumas delas traduzidas com recurso a voluntários, a partir da “ideia da ciência cidadã”, explicou o diretor.

Apesar de ter sido sempre uma estrutura profissional (e mais estabilizada a partir de 2019, quando começou a receber apoios plurianuais), a Marionet continua sem espaço próprio em Coimbra.

“O grande espinho é não ter uma casa ou espaço próprio”, lamentou Mário Montenegro.

Para o diretor da companhia, isso leva a momentos de apresentação curtos na cidade: “Tão rapidamente aparecemos, como desaparecemos logo a seguir”.

Questionado pela Lusa sobre se o foco da Marionet no futuro será sobre ciência, o diretor da companhia afirmou que entende que ainda não esgotaram as possibilidades dentro deste cruzamento.

“Na verdade, nós nunca estivemos parados muito tempo no mesmo sítio”, notou, dando nota das infindáveis questões e temas que acabam por se levantar quando se fala de ciência, num trabalho criativo que não se interessa apenas por um qualquer fenómeno ou processo científico, mas pelas suas implicações na vida.

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