Os avanços tecnológicos transformaram a forma como hoje se prevê o estado do tempo. Satélites de alta resolução e equipamentos de ponta permitem compreender e antecipar mudanças no clima com cada vez maior precisão. No entanto, nem sempre foi assim.
Numa época em que poucos acreditavam ser possível prever o tempo para além de dez dias, o meteorologista indiano Jagadish Shukla demonstrou que era viável identificar padrões e emitir alertas sazonais. Atualmente com 81 anos, Shukla cresceu no norte da Índia, onde passava os verões a rezar pela chegada das monções – chuvas que representam quase 70% da precipitação necessária para irrigar campos agrícolas e reabastecer reservatórios. Apesar da sua importância vital, estas mesmas chuvas podiam provocar inundações, secas e até fome.
Determinando-se a reduzir a imprevisibilidade deste fenómeno, Shukla viajou em 1970 para Boston, nos Estados Unidos, onde iniciou o doutoramento aos 26 anos. O primeiro desafio foi convencer a comunidade científica, numa altura em que a meteorologia estava centrada apenas em previsões de curto prazo, pode ler-se no Olhar Digital.
PUBLICIDADE
Inspirado pela teoria do “efeito borboleta”, desenvolvida por Edward Lorenz, Shukla percebeu que, embora as condições diárias fossem demasiado instáveis para prever a longo prazo, as chamadas “condições de limite” – como a temperatura dos oceanos, a humidade do solo, a cobertura de neve e a vegetação – poderiam oferecer previsibilidade sazonal.
Foi com base nesta ideia que conduziu o célebre “experimento das bilhões de borboletas”: ao alterar radicalmente as condições iniciais, mas mantendo constantes as condições de limite, concluiu que, apesar da volatilidade diária, os resultados sazonais permaneciam consistentes.
Graças ao seu trabalho pioneiro, abriu-se caminho para previsões climáticas de médio e longo prazo, fundamentais hoje na gestão de riscos, na agricultura e na resposta a fenómenos extremos.
PUBLICIDADE