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Como assim já é dezembro? A explicação para 2025 ter passado a correr

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 26 minutos atrás em 18-12-2025

“Como assim já estamos em dezembro?” A pergunta repete-se todos os anos, quase sempre acompanhada da sensação de que o tempo acelerou. Ainda ontem era Páscoa e, de repente, estamos a montar árvores de Natal. A ciência tem uma explicação para esta perceção cada vez mais comum: não é o tempo que muda, é a forma como o cérebro o interpreta.

Ao contrário da visão ou da audição, o tempo não é algo que possamos captar diretamente. Não existem “partículas de tempo” para o cérebro detetar. Segundo os investigadores, o cérebro não percebe o tempo — ele infere-o, fazendo estimativas com base no que acontece à nossa volta.

Tal como um relógio mede o tempo através de movimentos regulares, o cérebro estima a passagem do tempo somando acontecimentos. Quanto mais coisas acontecem num determinado período, mais longo esse intervalo parece, pode ler-se no The Conservation.

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É por isso que, em laboratório, imagens intermitentes parecem durar mais do que imagens estáticas, mesmo tendo a mesma duração real. O mesmo fenómeno explica porque, em situações intensas como acidentes, muitas pessoas relatam que o tempo parece abrandar.

Num estudo conhecido, participantes caíram de costas numa rede a partir de mais de 30 metros de altura. Quando lhes pediram para estimar quanto tempo durou a queda, relataram durações mais de um terço superiores às reais. A explicação está na atenção extrema: experiências intensas geram memórias densas, levando o cérebro a concluir que “passou mais tempo”.

A ciência distingue duas formas de percecionar o tempo: Prospectiva – como sentimos o tempo enquanto ele passa; Retrospectiva – quanto tempo achamos que passou quando olhamos para trás.

Quando estamos distraídos ou envolvidos numa tarefa, o tempo parece passar depressa. Quando estamos aborrecidos, parece interminável. Olhar fixamente para um relógio durante cinco minutos pode parecer uma eternidade. Já uma tarde preenchida passa num instante.

É aqui que entra o conhecido ditado: “o tempo voa quando estamos ocupados”. Não tem de ser diversão — basta que a mente esteja ocupada.

Este fenómeno explica também porque é que, à medida que envelhecemos, sentimos que os anos passam mais depressa. Em criança e na juventude, tudo é novo: a escola, o primeiro emprego, os primeiros relacionamentos. Essas experiências inéditas criam memórias ricas, levando o cérebro a concluir que muito aconteceu.

Com o tempo, muitas rotinas tornam-se repetitivas: trabalhar, levar os filhos à escola, preparar refeições. Apesar de o dia parecer arrastar-se, essas tarefas deixam registos de memória mais fracos. Quando olhamos para trás, o cérebro encontra poucos marcos distintos e conclui que o ano passou depressa.

Daí o choque coletivo quando chegamos a dezembro e sentimos que “o ano voou”.

Abrandar o tempo enquanto o vivemos é fácil — basta ficar entediado. Mas ninguém quer isso. Já abrandar o tempo na memória exige outra estratégia: criar e preservar experiências marcantes.

Os especialistas sugerem. Registar memórias, escrevendo num diário ou caderno; Revisitar o passado, revendo fotografias e recordações; Introduzir novidade, quebrando rotinas com experiências novas.

Viajar, aprender algo diferente, aventurar-se fora da zona de conforto — tudo isto cria memórias fortes e faz com que, quando dezembro chegar, o cérebro reconheça que o ano foi realmente vivido.

No fundo, a ciência deixa uma sugestão simples: se quer que o tempo abrande, viva mais intensamente. O seu relógio biológico agradece.

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