Num mundo cada vez mais acelerado, as refeições tendem a ser feitas a correr, muitas vezes frente a ecrãs ou em ambientes agitados. Contudo, esse hábito aparentemente inofensivo pode ter consequências sérias para a saúde. Comer depressa e sem mastigar bem os alimentos está associado a problemas como o aumento de peso, digestões difíceis e até ao risco acrescido de doenças crónicas, como a diabetes ou hipertensão.
A mastigação desempenha um papel crucial no processo digestivo. Para além de triturar os alimentos, estimula a libertação de enzimas que facilitam a digestão no estômago e no intestino, favorecendo uma melhor absorção de nutrientes. Quando este passo é negligenciado, o organismo é obrigado a trabalhar mais e, muitas vezes, de forma ineficiente.
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Uma das principais consequências de comer demasiado rápido é o aumento de peso. Isto deve-se ao facto de o cérebro demorar cerca de 20 minutos a reconhecer que o estômago está cheio. Quando se come depressa, há uma maior probabilidade de ingerir mais alimentos do que o necessário, ultrapassando o limite calórico ideal. O excesso de calorias acaba por ser armazenado sob a forma de gordura, aumentando também o risco de diabetes tipo 2.
Outro problema comum é a má digestão. Quando os alimentos chegam ao estômago pouco mastigados, o processo digestivo torna-se mais lento e pesado, podendo causar azia, refluxo e sensação de enfartamento. Além disso, a ingestão rápida facilita a entrada de ar no aparelho digestivo, o que pode provocar inchaço abdominal, gases e arrotos.
Estes fatores estão ainda associados a um maior risco cardiovascular. O acúmulo de gordura, especialmente na zona abdominal, favorece a formação de placas nos vasos sanguíneos, aumentando a probabilidade de enfartes ou AVC, segundo a Tua Saúde.
Para contrariar esta tendência, a primeira recomendação é simples: dedicar pelo menos 20 minutos às refeições. Este tempo permite mastigar com calma e dar ao corpo a oportunidade de reconhecer os sinais de saciedade. Criar um ambiente tranquilo e livre de distrações também ajuda a focar a atenção na comida.
Outras estratégias incluem cortar os alimentos em pedaços mais pequenos, mastigar entre 20 a 30 vezes cada porção (ou 5 a 10 vezes no caso de alimentos mais suaves) e evitar conversas ou gargalhadas enquanto se mastiga.
A ingestão de líquidos também deve ser moderada durante as refeições – idealmente, até um copo de água. Bebidas como refrigerantes ou sumos artificiais devem ser evitadas, pois dificultam a digestão.
Para quem quer experimentar uma abordagem mais consciente, a chamada “meditação da tangerina” pode ser um bom ponto de partida: consiste em comer este fruto de forma lenta e atenta, apreciando o seu aroma, textura e sabor, reflectindo sobre todo o processo que o trouxe até ao prato.
Um hábito que vale ouro
Mastigar bem é, portanto, muito mais do que um gesto automático. É um investimento silencioso e eficaz na saúde a longo prazo. Dedicar tempo à refeição, saborear os alimentos e comer com atenção são atitudes simples que podem fazer toda a diferença no bem-estar físico e emocional.
Porque, afinal, comer devagar não é perder tempo — é ganhar saúde.
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