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Com extrema-direita na mira, Livre quer crescer para influenciar nova geringonça

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 07-03-2024

Entre combates ao voto útil e à extrema-direita, o Livre tentou convencer o eleitorado que representa uma “esquerda moderna”, diferente dos seus eventuais parceiros, com a ambição de crescer para se sentar à mesa de uma nova Geringonça.

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“O voto no Livre é o voto à esquerda que não deixa tudo na mesma”. Esta foi a máxima repetida até à exaustão por Rui Tavares durante a campanha eleitoral para as legislativas antecipadas de domingo.

Dois objetivos estão na mira de Rui Tavares, contrariar o voto útil, numa altura em que os apelos de PS e PSD se intensificam, mas também distinguir-se dos parceiros à esquerda, ajudando a “corrigir erros” do passado, sem animosidades.

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O partido, que já defendia uma Geringonça antes de ela ter nascido, propõe reeditar esta solução mas de uma forma diferente, exigindo um acordo assinado – “acordo assinado é acordo escrutinado” – e multilateral, negociado entre todas as forças políticas à esquerda, admitindo até integrar um executivo.

Durante a campanha, Tavares procurou fundamentar a sua tese de que o Livre é “a esquerda mais moderna e mais inovadora”, aquela que propõe medidas consideradas utópicas pelos adversários políticos, às vezes pela própria esquerda, mas que depois veem a luz do dia, dando muitas vezes como exemplo o subsídio de desemprego para vítimas de violência doméstica ou a semana de quatro dias de trabalho.

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Numa campanha relativamente calma, a caravana do Livre não fugiu a um pequeno incidente de percurso.

Em 29 de fevereiro, numa iniciativa em Beja, Rui Tavares defendeu que “a direita democrática tem que ter com quem dialogar” em matérias que visem a ‘saúde’ da democracia, como o financiamento dos partidos, o combate à corrupção ou a criação de um círculo nacional de compensação.

As declarações não foram bem recebidas pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, que defendeu que uma “esquerda forte” deve estar totalmente concentrada em derrotar a “aliança PSD/IL” e não em projetos de diálogo com estas forças.

Por sua vez, Tavares – que já foi eurodeputado eleito em listas do BE como independente – alertou que “roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer”, frisando que o Livre estava “no mesmo lugar”: será parte de uma maioria de esquerda ou estará na oposição face a uma maioria de direita.

Ultrapassado o incidente, o Livre voltou a apontar baterias ao seu principal alvo, a extrema-direita “farsista”, com o historiador a deixar repetidos alertas sobre a importância de preservar “o contrato democrático” nos 50 anos do 25 de Abril.

Neste “Contrato com o futuro”, mote da campanha eleitoral, o partido priorizou o combate à pobreza como fenómeno estrutural e a criação de novos instrumentos como a “herança social”, que visa permitir a um jovem entre os 18 e 35 anos aceder a uma quantia que pode ter origem na taxação de “grandes heranças” ou através da rentabilização de certificados de aforro.

O Livre apostou fichas nos círculos eleitorais de Lisboa, Porto e Setúbal, pelos quais almeja eleger, numa campanha modesta na qual não houve arruadas, só a tradicional “pedalada” por Lisboa, mas que contou com visitas a centros sociais, associações, uma creche e uma universidade, um mercado e até uma cooperativa de armadores de pescadores.

Depois do regresso ao parlamento nas últimas legislativas, após a polémica estreia com Joacine Katar Moreira, o objetivo eleitoral de domingo é crescer e eleger um grupo parlamentar.

“Dois é pouco”, chegou a dizer Tavares, colocando a meta mínima do próximo domingo nos três parlamentares, que querem ser determinantes numa governação à esquerda.

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