O festival Rocketmen, que decorreu este fim de semana em Coimbra, registou problemas financeiros, tal como o seu antecessor, o Luna Fest, não havendo certezas sobre a sua continuidade, numa edição marcada por um conflito com o município.
Num comunicado publicado no domingo na rede social Facebook, a organização do festival Rocketmen congratula-se com a “afluência de público” nos três dias do festival, que decorreu no Jardim da Sereia, mas notou que, apesar disso, a edição não teve o retorno financeiro esperado.
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Contactado pela agência Lusa, um membro da organização remeteu para o comunicado publicado nas redes sociais, esclarecendo apenas que ainda não é certo que o festival acabe ou continue, estando a ser estudadas “várias hipóteses”, em Coimbra e noutras cidades.
A presente edição começou com uma acusação da banda Asfixia Social, que tocou na quinta-feira, de falta de condições e desrespeito por parte da organização – que negou as críticas -, seguindo-se a retirada da zona de alimentação da Praça da República, por ordem da Câmara de Coimbra, que levou a um comunicado do diretor do festival, Tito Santana, que se dirigiu ao presidente do município com recurso a impropérios.
Num comunicado posterior, publicado no domingo, a organização alega que a limitação imposta pela autarquia de retirar a zona de alimentação da Praça da República “comprometeu seriamente a receita do festival”, afirmando que aquela praça de alimentação “foi proposta pela própria Câmara Municipal de Coimbra”.
“A documentação foi devidamente tratada desde maio, por parte da organização e pelos concessionários”, disse o Rocketmen, afirmando que foi com surpresa que receberam a notificação de que o espaço onde estava a zona de alimentação não estava autorizado.
Em resposta enviada à agência Lusa, a Câmara de Coimbra afirmou que a promotora do festival submeteu o requerimento para licenciamento a menos de três dias do arranque do evento (a 28 de julho), onde decidia, “unilateralmente”, alargar a área de recinto e começou a instalar na Praça da República “um conjunto de infraestruturas de venda ambulante”, cuja atividade carecia de licenciamento.
No entanto, essa vontade da promotora de ali instalar uma praça de alimentação não pôde ser viabilizada, porque, de acordo com o regulamento municipal em vigor, é proibido emitir licenciamento para aquele local, já que nas imediações da Praça da República existem, num raio de 150 metros de distância, outros agentes económicos que desenvolvem “atividade idêntica”, esclareceu.
“A proibição imposta aplica-se a todas as entidades sem exceção. Não resulta de entendimentos pessoais discricionários e decisões aleatórias”, vincou a Câmara de Coimbra.
No comunicado anterior, em que Tito Santana se dirige ao presidente da Câmara, o diretor do festival acusa ainda o executivo de sabotar a cultura “para se proteger politicamente”.
Em resposta à Lusa, a autarquia lamenta “a frase ofensiva, em linguagem vernácula, ostensivamente dirigida ao presidente da Câmara de Coimbra, que se limitou a cumprir o regulamento em vigor”.
“Lamentavelmente, a entidade promotora não cumpriu atempadamente com as suas obrigações legais e protocoladas e terá considerado, por razões que se desconhecem, que poderia estar acima da lei e ocupar à vontade espaço público não licenciado”, disse.
O Rocketmen surgiu na sequência do Luna Fest, festival que era coorganizado por Tito Santana, proprietário do bar Pinga Amor, em Coimbra, e pelo músico Victor Torpedo, mas os dois membros acabaram por divergir no final da segunda edição.
Com troca de acusações entre os dois e após dois anos de prejuízos financeiros com o Luna Fest, Tito Santana decidiu avançar sem Victor Torpedo na organização do festival, que mais tarde acabou por passar a chamar-se de Rocketmen.
No comunicado do festival, é referido que o Pinga Amor será colocado a trespasse para salvaguardar compromissos financeiros assumidos
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