Primeira Página

Coimbra quer desvendar segredos dos primeiros 28 dias de vida

Notícias de Coimbra | 3 horas atrás em 06-05-2025

Ao longo dos próximos três anos, uma investigação liderada pela Universidade de Coimbra (UC) vai tentar desvendar novas informações sobre o desenvolvimento do cérebro de recém-nascidos.

Em concreto, o projeto pretende investigar o papel das microglias – células do sistema nervoso central, que são essenciais para a defesa imunológica do cérebro – na formação e organização da rede cerebral de vasos sanguíneos. Com os resultados deste estudo, espera-se vir a compreender mais aprofundadamente os fenómenos que podem impactar o cérebro no período neonatal, ou seja, durante os primeiros 28 dias de vida.

O projeto Interação microglia-endotélio na construção do sistema cerebrovascular vai ser financiado com 250 mil euros pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do Programa ERC-PT A-Projects. Este programa de financiamento destina-se a apoiar candidaturas nacionais apresentadas às prestigiadas bolsas do Conselho Europeu de Investigação (European Research Council, com a sigla em inglês ERC) que tenham conquistado uma avaliação de topo e recomendação para financiamento, mas que não obtiveram financiamento por limitações de orçamento.

PUBLICIDADE

Na transição do meio intrauterino para o mundo exterior, “o cérebro neonatal enfrenta um período de intensa adaptação, em que está particularmente vulnerável a influências que podem ter impacto duradouro ao longo da vida”, explica ainvestigadora do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC, Vanessa Coelho-Santos, que lidera o projeto de investigação.

Neste contexto, o entendimento dos primeiros dias de vida, nomeadamente a interação entre os sistemas vascular e imunitário cerebrais, é fundamental para perceber as mudanças que podem impactar o cérebro. No caso concreto da linha de investigação de Vanessa Coelho-Santos, que se tem dedicado ao estudo do desenvolvimento cerebrovascular neonatal, ainda muito pouco se sabe sobre as células endoteliais – a base dos vasos sanguíneos –, nomeadamente “como  se organizam para criar a rede capilar cerebral, e de que forma as células do sistema imunitário do cérebro contribuem para essa formação durante esta fase essencial do desenvolvimento do cérebro dos recém-nascidos”, destaca a investigadora da Universidade de Coimbra.

Ao confirmar-se qual o contributo das microglias – que têm a função de “vigiar e defender” o ambiente cerebral – para a organização da rede de vasos sanguíneos no cérebro “poderemos transformar a nossa compreensão sobre como os vasos do cérebro se formam e como as respostas neuroimunes – nomeadamente após uma infeção ou dano cerebral – moldam a rede capilar cerebral e, consequentemente, influenciam o desenvolvimento do cérebro”, avança Vanessa Coelho-Santos. “Acredito que esta investigação pode ajudar-nos a identificar processos, conhecimento que pode impactar, futuramente, o tratamento de patologias cerebrais em recém-nascidos”, acrescenta.

Esta investigação pré-clínica vai decorrer até março de 2028. Vanessa Coelho-Santos, assim como a equipa que vai ser contratada no âmbito deste financiamento, vai desenvolver a investigação em murganhos, através de imagens do cérebro em tempo real, obtidas a partir de microscopia de multifotão, uma metodologia de imagem avançada que permite captar imagens de alta resolução ao longo do tempo, necessária para estudar estes sistemas do nosso cérebro tão dinâmicos.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE