Universidade

Coimbra: Mapa nacional de conflitos ambientais vai ser criado nos próximos três anos

Notícias de Coimbra com Lusa | 51 minutos atrás em 05-12-2025

Um mapa nacional de conflitos ambientais em Portugal vai ser criado durante os próximos três anos, um projeto hoje apresentado na Universidade de Coimbra (UC), que envolve a identificação, investigação e análise de casos que impactam o ambiente.

Intitulado “EJMapping – Cartografias dos Conflitos de Justiça Ambiental em Portugal”, o projeto, liderado pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, pretende compreender como é que diferentes atividades económicas – industriais, agroindustriais, energéticas mineiras, turísticas ou relacionadas com grandes infraestruturas – têm influenciado ecossistemas e comunidades, contribuindo, por vezes, para situações de vulnerabilidade ecológica ou social, adiantaram os promotores.

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“Conflitos ambientais podem ser muitas coisas, na verdade, na nossa perceção podem ser coisas muito pequenas, à escala local, mas também à escala nacional ou mesmo internacional. Por exemplo, os conflitos de ação climática podem ocorrer em Portugal, mas têm uma escala global, enquanto outros podem ser uma fábrica que impacta no meio ambiente, uma extração de água de uma empresa que leva a um conflito com a população, ou casos de poluição localizados no território”, disse à agência Lusa Gustavo García Lopez, investigador do CES e coordenador da iniciativa.

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Outros casos de conflitos podem passar, entre outros, por instalações de centrais de painéis solares, construção de vias de comunicação, “plantações de eucaliptos e os fogos que lhes estão associados” ou transportes “como foi o caso do Metro Mondego, em Coimbra, que criou problemas com a população, à volta das árvores retiradas”, indicou.

O mapa poderá ainda, além de situações de conflito, indicar exemplos de boas práticas ambientais nas comunidades, seja em meio urbano ou rural, adiantou.  

O investigador, residente em Portugal há cerca de seis anos e natural de Porto Rico, explicou que a equipa que lidera passou os últimos meses a criar uma base de dados com contactos de milhares de entidades, fulcral para o desenvolvimento do mapa de conflitos ambientais referente aos últimos sete anos (após 2018), cuja identificação será suportada por um inquérito nacional.

Essa base de dados, adiantou, incorpora contactos de 650 entidades, entre associações ambientais, movimentos cívicos e outras organizações, a que se juntam as Câmaras Municipais e juntas de freguesias, que irão receber o inquérito elaborado pela equipa coordenadora do projeto, em parceria com um grupo alargado de parceiros, consultores e colaboradores, com aproximadamente 100 elementos.

No âmbito do projeto serão ainda realizados estudos de caso aprofundados, nas regiões Centro, Alentejo e Algarve, “valorizando o conhecimento das pessoas que habitam aqueles territórios afetados, e a sua experiência direta dos impactos sociais, políticos e ambientais”, referiu a equipa de investigadores.

Para realizar o estudo de casos, serão recolhidos testemunhos mediante entrevistas, observação participativa e recolha de registos de som e imagem.

Em relação aos casos locais, Gustavo García Lopez vincou que, muitas vezes, estes passam mais despercebidos da opinião pública, precisamente por serem mais pequenos, pontuais “e não terem visibilidade nacional, nem espaço nos órgãos de comunicação social”.

Para além do coordenador, a equipa principal do projeto é constituída por investigadoras brasileiras, portuguesas e por um luso-belga.

O “EJMapping – Cartografias dos Conflitos de Justiça Ambiental em Portugal”, nascido no âmbito da Oficina de Ecologia e Sociedade do CES, tem um horizonte de duração até 2028.

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