Educação

Coimbra: Manifesto denuncia precariedade e subfinanciamento na investigação em ciência

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 horas atrás em 07-05-2025

 A precariedade laboral e o subfinanciamento da investigação científica nas instituições de ensino superior nacionais são os problemas que mais afetam os investigadores, denunciou hoje um manifesto da Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra.

“Estes fatores têm tornado a carreira de investigação instável e desprovida de perspetivas profissionais, dificultando a consolidação de trajetos científicos duradouros e comprometendo o futuro da ciência no país”, salientou à agência Lusa o coordenador daquela comissão, António Trindade.

O manifesto “A Insustentável Leveza da Ciência”, apresentado hoje, efetuou o levantamento dos problemas da investigação no ensino superior a nível nacional e concluiu que o subfinanciamento da investigação científica se deve à insuficiente alocação de recursos por parte do poder político nos últimos anos.

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O alerta da Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra pretende aproveitar a campanha eleitoral em curso para as eleições legislativas de 18 de maio para sensibilizar o próximo Governo a modificar a forma de financiamento para criar um corpo estável de investigadores.

“Este documento reflete as preocupações de centenas de investigadores e trabalhadores do ensino superior, apelando a uma intervenção urgente do Governo no sentido de valorizar a atividade científica, garantir condições de trabalho dignas e assegurar a estabilidade profissional dos investigadores, em pé de igualdade com os restantes trabalhadores do setor”, sublinhou António Trindade.

O dirigente sustentou que “os investigadores estão ao abrigo de programas de financiamento, com contratos a tempo certo, e, ao fim de cinco ou seis anos, vão para o desemprego porque as universidades não têm recursos para continuar com eles, pelo que existe dificuldade em fixar investigadores com vínculo longo”.

Salientando que este problema é transversal a todas as instituições de ensino superior portuguesas, António Trindade alertou que “o país pode estar a perder grandes investigadores por falta de recursos das universidades”.

A título de exemplo, referiu que a Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra representa mais de 3.700 trabalhadores, dos quais 390 são investigadores, embora apenas 47 (cerca de 12%) disponham de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado.

O manifesto lamentou que a investigação e o ensino desenvolvido nas instituições de ensino superior estejam dependentes de financiamento obtido através de concursos para projetos de investigação, que em Portugal “são escassos e com uma periodicidade irregular”.

“As verbas atribuídas pelo Governo a estes concursos, para além de manifestamente insuficientes para o funcionamento do sistema científico nacional, chegam a ter variações de 50% entre anos consecutivos”, lê-se no documento.

As verbas executadas em 2024 no financiamento de projetos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), “a principal agência de financiamento de ciência de Portugal, diminuíram 10% em relação a 2023”.

“É preciso recuar até 2017 para encontrar um valor mais baixo. O subfinanciamento da ciência compromete a capacidade de inovação do país e acentua o nosso afastamento face à média europeia”, alertou o manifesto, que foi elaborado a partir de março por um grupo de investigadores externos à Comissão de Trabalhadores da Universidade de Coimbra.

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