Coimbra

Coimbra homenageia a luta dos estudantes na Crise Académica de 1969

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 12-04-2019

 

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Coimbra vai comemorar os 50 anos da crise académica de 1969, uma luta contra o Estado Novo, num programa que se estende até à Festa das Latas, em outubro, e que conta com apresentação de uma escultura, recriações históricas e uma gala.

O programa de comemorações foi esta tarde apresentado no Convento São Francisco, pelo presidente da direção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC), Daniel Azenha, pelo presidente da Câmara Municipal (CM) de Coimbra, Manuel Machado, e pelo reitor da Universidade de Coimbra (UC), Amílcar Falcão.

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O programa pretende homenagear todos os estudantes envolvidos na crise académica de 1969, que começou em 17 de abril daquele ano, quando Alberto Martins, presidente da AAC à data, pediu a palavra, perante uma comitiva de dirigentes do Estado Novo.

A organização destas iniciativas é presidida pela AAC, contando ainda com a CM Coimbra e a UC, e a parceria da Fundação Inatel e da Turismo do Centro.

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As comemorações arrancam na terça-feira, com o concerto dos UHF de tributo a José Afonso, no Convento São Francisco, e tem, no dia seguinte, alguns dos momentos mais solenes do programa, com a cerimónia evocativa, na Sala 17 de Abril, do Departamento de Matemática da UC, onde 50 anos antes Alberto Martins pediu a palavra.

Nesse mesmo dia, haverá o descerrar da placa evocativa dos 50 anos da crise e a apresentação de um conjunto escultórico, da autoria de Carlos Ramos e a cargo da CM Coimbra, junto às Escadas Monumentais, intitulado “Peço a Palavra!”.

A 20 de abril, no jogo da segunda liga entre a Académica e o Mafra, haverá uma recriação da Final da Taça de Portugal de 1969, com os jogadores do Organismo Autónomo de Futebol a entrarem em campo de capa aos ombros e com a exibição de tarjas nas bancadas com as palavras de ordem usadas naquele ano, explicou o presidente da AAC, Daniel Azenha, durante a conferência de imprensa de apresentação do programa.

No Largo Dom Dinis, no dia 28, haverá outra recriação histórica, esta em torno da “repressão e cerco à Universidade de Coimbra pela Guarda Nacional Republicana”, com encenação da Viv’Arte.

No dia 23, o presidente da direção-geral da AAC de 1969, Alberto Martins, vai apresentar em Coimbra, na Sala 17 de Abril, o livro “Peço a Palavra – Coimbra 1969”, seguindo-se, à noite, a gala comemorativa dos 50 anos da crise académica, com a atribuição do estatuto de associados honorários da AAC aos membros dos órgãos sociais daquele ano.

Associados às comemorações estão ainda vários concertos e espetáculos do ciclo do Convento São Francisco “Somos Livres”, bem como o Dia da Cidade de Coimbra, a 4 de julho, o Baile de Gala da Queima das Fitas (que terá referências à crise académica), e o cortejo da Festa da Latas, a 6 de outubro.

O presidente da AAC, Daniel Azenha, salientou que “durante estas celebrações a cidade terá à sua disposição vários momentos culturais únicos, e que ficarão, estamos certos, na memoria coletiva de todos.”

“Vai ficar mesmo gravado em pedra, para que não se esqueça”, vincou o presidente da CM Coimbra, Manuel Machado, considerando o 17 de Abril de 1969 “a maior manifestação estudantil que ocorreu em Portugal” e que gerou a semente para o 25 de Abril. O autarca destacou ainda a bravura dos “resistentes” que se manifestavam “contra a clausura, contra a mobilização forçada para as guerras coloniais e contra a opressão”.

Já o reitor da UC, Amílcar Falcão, salientou que este é “um momento verdadeiramente marcante para a cidade e para a academia”, ao se homenagear a geração de 1969, que deixou um património “de valor imaterial incalculável”.

A 17 de abril de 1969, perante uma comitiva do Estado Novo, encabeçada pelo na altura presidente Américo Thomaz, na inauguração do edifício das Matemáticas, na Alta de Coimbra, Alberto Martins afirmou: “Em representação dos estudantes da Universidade de Coimbra, peço licença a vossa excelência para falar nesta sessão”.

O pedido de palavra não foi aceite e Alberto Martins seria detido essa noite. Seguiram-se várias iniciativas de contestação estudantil, nomeadamente manifestações e greve aos exames, a que o Governo respondeu com prisões e a incorporação compulsiva dos estudantes nas forças armadas, para combaterem na Guerra Colonial. O reitor da Universidade de Coimbra e o ministro da Educação acabaram por se demitir.

 

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