Universidade

Coimbra: Estudo aponta locais mais críticos nos oceanos para reforçar conservação marinha

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 horas atrás em 06-06-2025

A Universidade de Coimbra (UC) participou numa investigação que acompanhou mais de 12 mil indivíduos de 110 espécies de megafauna marinha, durante 30 anos, identificando os locais mais críticos nos oceanos globais para reforçar a conservação marinha.

PUBLICIDADE

publicidade

A equipa de cientistas internacionais, da qual fazem parte investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é liderada pela Universidade Nacional da Austrália (ANU) e financiada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

PUBLICIDADE

O projeto, intitulado “MegaMove”, envolve cerca de 400 cientistas de mais de 50 países e mostra onde pode ser implementada proteção específica para a conservação da megafauna marinha.

“Atualmente, as áreas marinhas protegidas cobrem apenas 08% dos oceanos do mundo, sendo que o Tratado das Nações Unidas para as Águas Internacionais visa aumentar essa proteção para 30%”, revelou a FCTUC, num comunicado enviado à agência Lusa.

A investigação concluiu que os objetivos do atual Tratado (assinado por 115 países, mas ainda por ratificar), apesar de fundamentais, são insuficientes para cobrir todas as zonas críticas utilizadas por espécies ameaçadas da megafauna marinha, sugerindo que são necessárias medidas adicionais para mitigar as ameaças.

Segundo os autores, este estudo procurou identificar as áreas utilizadas pela megafauna marinha para comportamentos importantes como alimentação, descanso e migrações – áreas que só podem ser detetadas com base nos seus padrões de movimento rastreados.

Foi descoberto “que as áreas utilizadas por estes animais se sobrepõem significativamente com ameaças como a pesca, o tráfego marítimo, o aumento da temperatura das águas e a poluição por plásticos”, revelou o investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da FCTUC, Vítor Paiva.

A cagarra, por exemplo, uma ave marinha que se reproduz nos arquipélagos dos Açores, Madeira e Berlengas, migra anualmente até à costa sul do Brasil, África do Sul ou Moçambique, demonstrando uma grande capacidade de explorar o ambiente marinho, estando, por isso, exposta a diversas ameaças em diferentes bacias oceânicas.

“O objetivo de proteger 30% dos oceanos é visto como útil, mas insuficiente para salvaguardar todas as áreas importantes, o que significa que são necessárias estratégias adicionais de mitigação para aliviar pressões fora das zonas protegidas”, consideraram os especialistas.

A alteração de artes de pesca, a utilização de diferentes luzes nas redes e esquemas de tráfego para navios são algumas das medidas apontadas como fundamentais para aliviar a pressão humana atual sobre estas espécies.

A megafauna marinha inclui aves marinhas, tubarões ou baleias, que são normalmente predadores de topo com papéis essenciais nas cadeias alimentares marinhas, mas enfrentam ameaças crescentes resultantes do impacto ambiental humano.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE