Coimbra

Coimbra é o berço da primeira especialista em dermatologia de São Tomé

Notícias de Coimbra | 1 hora atrás em 08-09-2025

A primeira dermatologista de São Tomé e Príncipe, que concluiu a sua formação em setembro, na Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra, pretende solicitar ao Governo do país africano que invista na área, através da aquisição de recursos.

Keyla Sousa, médica especialista em dermatologia e venereologia, concluiu o seu internato na semana passada, em Coimbra, aprovada com a classificação final de 19 valores, tornando-se assim a primeira especialista do seu país na área.

O próximo passo é retornar às ilhas, situadas no Oceano Atlântico, no Golfo da Guiné, e ajudar os são-tomenses, adiantou hoje a nova dermatologista, em declarações à Lusa.

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Ao citar outros colegas médicos como exemplo, que também fizeram a formação no estrangeiro e retornaram com uma lista de necessidades médicas para o Governo, que foi adquirindo o solicitando, Keyla Sousa revelou a ambição de seguir pelo mesmo caminho.

À agência Lusa, a diretora do serviço de dermatologia da ULS de Coimbra, Margarida Gonçalo, referiu que o hospital de São Tomé e Príncipe já possui uma secção dedicada à especialidade, apesar de, até à semana passada, não haver médicos especialistas.

Agora, afirmou que Keyla Sousa “tem todo o apoio da Ordem dos Médicos de São Tomé e Príncipe”, para dar seguimento aos tratamentos dermatológicos e fazer os pedidos ao Governo.

Apesar de haver casos clínicos que a nova médica “não vai ver em São Tomé e Príncipe, porque são mais raros e mais presentes no continente europeu, vai ter o desafio de ver outras doenças que não viu cá”, mas Keyla Sousa “já tem grande experiência”, asseverou Margarida Gonçalo.

A especialista “vai ter a possibilidade de realmente melhorar muito a parte da dermatologia de São Tomé e Príncipe”, acrescentou.

A médica são-tomense iniciou a sua formação em 2009, em Cuba, tendo começado a trabalhar no seu país natal em 2017.

Mais tarde, em 2022, partiu para a especialização, no Serviço de Dermatologia e Venereologia da ULS de Coimbra, na sequência de um acordo entre os governos santomense e português, contou Keyla Sousa, apontando a paixão pela área.

Interesse que começou cedo, assim como o sonho de cursar medicina.

“O meu pai também é médico. Ele foi estudar na Rússia e deixou-me quando eu tinha dois anos. Então, a minha família sempre disse: ‘tu vais ser médica como o teu pai’. Por isso, desde pequena fui crescendo com essa ideia”, recordou.

Tendo assistido ao pai em consultas e presenciado o carinho com os utentes, decidiu, desde nova, que também percorreria este caminho.

O gosto pela dermatologia surgiu no período universitário e nas missões que acompanhava – um projeto de saúde envolvendo o Instituto Marquês de Valle Flôr e outras entidades, que promove ações médicas no país africano.

Poder ajudar o país foi outro impulsionador.

“Não tinha a ideia de a dermatologia ser tão vasta antes de chegar cá. Quando eu vi que a dermatologia é um mundo, é muita coisa, e que eu não tinha ideia mesmo, aprendi imenso”, salientou.

Num comunicado da ULS de Coimbra, o presidente do conselho de administração, Alexandre Lourenço, apontou que, “como Unidade Local de Saúde universitária, a ULS de Coimbra tem uma longa história de formação de estudantes de medicina e jovens médicos de países da CPLP [ Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”, frisando ser para a instituição “um grande motivo de orgulho ver a doutora Keyla Sousa chegar ao fim do seu internato e tornar-se a primeira médica dermatologista do seu país, onde certamente fará a diferença”.

“A ULS de Coimbra mantém e reafirma o seu compromisso com a formação e o ensino de profissionais de saúde, portugueses e estrangeiros, mas também com a promoção da equidade em saúde a nível global e o fortalecimento das competências técnicas, científicas e humanas dos futuros profissionais de saúde dos países de língua portuguesa”, rematou o responsável.

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