Saúde

Cogumelos mágicos curam a depressão?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 08-10-2025

Um novo estudo internacional revelou resultados surpreendentes no tratamento da depressão com psilocibina — o composto psicadélico presente nos chamados “cogumelos mágicos”. Cinco anos após a terapia, cerca de 67% dos participantes permanecem livres de sintomas depressivos, sugerindo que esta abordagem pode ter efeitos duradouros e transformadores.

A investigação, conduzida pela Universidade Estadual de Ohio e pela Universidade Johns Hopkins, acompanhou um grupo de voluntários que recebeu duas sessões de terapia assistida por psilocibina entre 2019 e 2020. O ambiente das sessões era cuidadosamente preparado: iluminação suave, música tranquila e acompanhamento constante de terapeutas especializados.

Os resultados, publicados no Journal of Psychedelic Studies, mostram que a maioria dos participantes apresentou reduções significativas e sustentadas nos níveis de depressão durante cinco anos após o tratamento.

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“Observámos mudanças profundas e duradouras no bem-estar emocional e nas relações pessoais dos participantes”, explicou o investigador principal, Alan K. Davis, da Universidade Estadual de Ohio.

A psilocibina, ao contrário dos antidepressivos tradicionais, não atua apenas nos sintomas, mas ajuda os pacientes a reformular a relação com os próprios pensamentos e emoções. Os participantes descreveram ganhos em empatia, gratidão e aceitação pessoal, além de uma nova capacidade de lidar com sentimentos difíceis.

Um dos voluntários relatou: “Hoje sou uma pessoa mais ativa e presente. Reaproximei-me da minha família e redescobri o prazer nas pequenas coisas.”

O estudo envolveu 13 horas de acompanhamento terapêutico e duas doses da substância, administradas com duas semanas de intervalo. As medições clínicas mostraram uma queda significativa nos índices de depressão, ansiedade e comprometimento funcional, sem registo de efeitos secundários graves.

Atualmente, os antidepressivos convencionais exigem uso contínuo e podem causar efeitos secundários como fadiga ou disfunção sexual. Já a terapia com psilocibina promete benefícios duradouros após apenas duas sessões, o que representa um avanço sem precedentes.

Apesar do otimismo, os investigadores reforçam a necessidade de novos estudos com grupos de controlo e maior amostragem antes de validar o método como tratamento oficial.

Ainda assim, o que os dados sugerem é claro: a psilocibina pode ser muito mais do que uma experiência psicadélica — pode tornar-se uma ferramenta poderosa no combate à depressão resistente.

“Os resultados indicam que mudanças positivas e duradouras são possíveis. O importante é compreender como manter esses efeitos e aplicá-los de forma segura e ética”, concluiu Davis.

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