Saúde

Cientistas recorrem à IA para trazer à tona memórias há muito adormecidas

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 45 minutos atrás em 05-11-2025

Cientistas estão a explorar uma ideia fascinante: e se a recuperação das nossas memórias de infância não dependesse apenas do cérebro, mas também do corpo e das sensações que este sente?

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Investigadores da Universidade Anglia Ruskin, liderados pelo especialista em neurociência cognitiva Utkarsh Gupta, da Universidade de Dakota do Norte, estão a usar inteligência artificial (IA) para reativar lembranças há muito inacessíveis. Um estudo publicado na Nature Scientific Reports descreve uma experiência inovadora com 50 adultos.

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Durante o estudo, os participantes viram num ecrã uma versão infantil de si próprios, criada por IA a partir da sua fisionomia. A tecnologia replicava, em tempo real, os movimentos e expressões dos voluntários, criando uma ilusão visual de distorção facial. O efeito fazia com que os participantes percebessem o rosto infantil como seu, despertando sensações físicas e emocionais de reconhecimento.

Após a experiência, os participantes foram convidados a recordar episódios da infância. Aqueles que tinham visto a sua versão infantil lembraram-se de muito mais detalhes do que o grupo de controlo, que apenas viu o próprio rosto adulto.

“O cérebro armazena informações sobre o corpo em conjunto com as recordações. Ao reintroduzir sinais corporais semelhantes aos do passado, o cérebro torna-se mais capaz de recuperar memórias antigas”, explica Gupta.

A equipa de investigação acredita que esta descoberta poderá ajudar a compreender melhor a amnésia infantil — o fenómeno que impede as pessoas de recordarem acontecimentos anteriores aos três anos de idade — e aponta para o potencial terapêutico da técnica. A integração de ilusões corporais e IA em contextos clínicos pode abrir caminho para novas abordagens no tratamento de distúrbios de memória e declínio cognitivo.

Além disso, recriar ambientes da infância, como a casa ou o quarto onde se cresceu, torna-se cada vez mais possível com a realidade virtual, oferecendo uma nova forma de reviver experiências que o cérebro já esqueceu, mas que o corpo ainda pode recordar.

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