Saúde
Cientistas portugueses descobrem responsável pela evolução do cancro

Imagem: depositphotos.com
Investigadores da Universidade de Lisboa descobriram um fator determinante que explica por que apenas algumas mutações celulares levam ao desenvolvimento do cancro. A investigação, conduzida pelo Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) da Faculdade de Ciências, pode abrir portas a terapias oncológicas mais direcionadas e personalizadas.
O estudo, publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que as interações entre várias proteínas são o verdadeiro motor da evolução do cancro. Segundo os cientistas, quando estas proteínas se comportam de forma “indisciplinada”, as células cancerosas passam a agir como uma “turma malcomportada”, amplificando ou condicionando os efeitos das chamadas mutações do fator cancerígeno.
As mutações do fator cancerígeno são alterações genéticas no ADN que transformam células normais em cancerosas, podendo levar ao crescimento descontrolado e à formação de tumores. Estas alterações podem surgir naturalmente ou ser induzidas por agentes cancerígenos.
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A equipa do BioISI concentrou-se em proteínas driver mutadas, ou seja, proteínas alteradas geneticamente que assumem funções celulares desreguladas, impulsionando o crescimento e a sobrevivência das células doentes. A pesquisa mostrou que as proteínas vizinhas podem influenciar estas driver mutadas, atuando como inibidoras ou catalisadoras da progressão da doença.
“Esta descoberta permite perceber por que motivo apenas algumas mutações desencadeiam o desenvolvimento do cancro e sugere que as proteínas vizinhas são alvos promissores para novos fármacos”, explicou a Faculdade de Ciências, em comunicado.
O estudo baseou-se na análise de mais de 11 mil casos de cancro, utilizando dados da Cancer Genome Atlas Program, que reúne informações moleculares de mais de 30 tipos de cancro. Os resultados aumentam a possibilidade de terapias mais personalizadas, adaptadas às interações específicas entre proteínas em cada tipo de tumor.
Apesar do otimismo, os investigadores alertam que ainda há um longo caminho a percorrer. Novas terapias terão de ser rigorosamente testadas quanto à toxicidade e efeitos adversos, antes de poderem ser aplicadas em pacientes.
Ainda assim, este estudo representa um passo fundamental na compreensão da evolução do cancro, ao identificar múltiplos alvos terapêuticos que podem aumentar a eficácia futura dos tratamentos oncológicos.
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