Saúde

Cientistas estão perto de descobrir um antídoto universal

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 06-11-2025

Um novo antiveneno de amplo espectro, desenvolvido por uma equipa internacional liderada pela Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), mostrou-se eficaz contra 17 das 18 espécies de cobras africanas mais perigosas, abrindo caminho para tratamentos mais rápidos e eficientes de picadas venenosas.

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As picadas de cobras venenosas atingem centenas de milhares de pessoas todos os anos, mas o tratamento nem sempre é rápido ou eficaz devido à diversidade de toxinas. O novo estudo, publicado na revista Nature, utilizou nanocorpos derivados de camelídeos, como alpacas e lhamas, para criar um antiveneno inovador.

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Tradicionalmente, os antivenenos são produzidos em cavalos, cuja resposta imunológica gera anticorpos capazes de neutralizar o veneno. No entanto, este método apresenta variação de qualidade entre diferentes animais e pode causar efeitos secundários indesejados.

A equipa da DTU recorreu a nanocorpos, moléculas pequenas presentes nos anticorpos de alpacas e lhamas, que são mais estáveis, mais fáceis de produzir em larga escala e capazes de penetrar rapidamente nos tecidos. Durante 60 semanas, os investigadores expuseram os camelídeos a doses crescentes de veneno de serpentes mortais, incluindo mamba-negra, cobra-cuspidora-da-núbia e cobra-do-cabo, gerando os nanocorpos que neutralizaram com sucesso os venenos em testes com camundongos.

“O método permite produzir antiveneno de qualidade consistente e em grandes quantidades, sem comprometer a eficácia”, afirmou Andreas Hougaard Laustsen-Kiel, coautor do estudo.

Os nanocorpos podem tratar diversos tipos de toxinas, incluindo neurotoxinas e citotoxinas, comuns em cobras africanas. A inovação é especialmente relevante na África subsaariana, onde se registam cerca de 300.000 picadas de cobra por ano.

Embora o estudo tenha focado os elapídeos, Laustsen-Kiel acredita que a mesma abordagem poderá ser aplicada às viperídeas (víboras), permitindo futuramente um antiveneno verdadeiramente de amplo espectro, capaz de proteger contra a maioria das cobras mortais africanas.

Apesar do progresso científico, os especialistas alertam que manter distância de serpentes continua a ser fundamental. Contudo, este avanço poderá, no futuro, permitir uma relação entre humanos e cobras baseada na admiração e não no medo.

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