Educação

Choques elétricos no cérebro torna alunos melhores em matemática

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 07-07-2025

Um novo estudo publicado na revista PLOS Biology sugere que a estimulação elétrica não invasiva e cuidadosamente controlada pode melhorar significativamente as capacidades matemáticas – especialmente em pessoas com conexões neurais mais fracas numa região específica do cérebro.

A investigação, liderada por Roi Cohen Kadosh, neurocientista da Universidade de Surrey e cofundador da Cognite Neurotechnology, foi realizada com 72 estudantes da Universidade de Oxford. Todos foram submetidos a uma avaliação das suas capacidades matemáticas e, posteriormente, divididos em três grupos de desempenho equivalente.

Dois dos grupos receberam estimulação transcraniana por ruído aleatório (tRNS) – uma técnica indolor e considerada confortável – em áreas distintas do cérebro: o córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC) e o córtex parietal posterior (PPC), ambos ligados à cognição matemática. Um terceiro grupo recebeu uma estimulação simulada (placebo), pode ler-se no ZAP.

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Durante cinco dias, os participantes receberam 150 minutos de estimulação combinada com exercícios de matemática. Os resultados foram claros: a estimulação do dlPFC teve um impacto positivo na capacidade de cálculo, especialmente em indivíduos cuja conectividade cerebral nessa área era mais fraca. Já a estimulação do PPC não mostrou benefícios significativos na aprendizagem.

Curiosamente, os participantes com ligações neurais mais fracas que não receberam estimulação tiveram pior desempenho. Mas os que estavam no grupo tratado e apresentavam essas mesmas fragilidades revelaram as maiores melhorias nos testes.

Por outro lado, estudos anteriores da mesma equipa indicam que esta técnica pode prejudicar pessoas com capacidades matemáticas já elevadas. Um pequeno ensaio com professores de matemática mostrou uma queda de desempenho após a estimulação, o que levou Kadosh a alertar: “Se introduzirmos ruído num sistema cerebral já otimizado, o efeito pode ser negativo”.

No entanto, especialistas como o psicólogo Sung Joo Kim, da Universidade de Binghamton (não envolvido no estudo), alertam que a aplicação generalizada desta tecnologia ainda é prematura. “Estimular determinadas regiões do cérebro pode não funcionar bem se não for tida em conta a anatomia individual de cada cérebro”, disse Kim, defendendo abordagens personalizadas e mais estudos científicos antes da popularização deste tipo de dispositivos.

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