A candidata presidencial Joana Amaral Dias decidiu, esta quarta-feira, 3 de dezembro, abrir as portas do Portugal Real — aquela série que ninguém quer ver, mas onde todos participam — e lançou um conjunto de perguntas que fariam tremer até o mais destemido tocador de acordeão do Alentejo profundo.
“Quem são os donos das herdades onde a exploração de imigrantes corre melhor que a apanha da azeitona?” — perguntou ela, como quem pergunta “quem ficou com o tupperware da minha mãe?”. E de repente, puff: silêncio geral. Tão silencioso que até as cigarras pararam para ouvir.
Segundo Joana, por detrás de cada estufa brilhante e cada campo impecavelmente regado pode estar uma teia de empresas, acionistas misteriosos, nomes impronunciáveis e ligações políticas tão complexas que até o Imposto Único de Circulação parece fácil de perceber.
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“Follow the money”, disse ela. E claro, o dinheiro não anda a pé: corre, salta, escala muros, entra em gabinetes, atravessa campanhas, toma cafés e volta para o campo, sempre muito ocupado.
Entretanto, os militares da GNR detidos no âmbito da operação Safra Justa regressaram ao serviço, o que só deu mais força ao enredo estilo novela da TVI:
— capítulo 1: detidos;
— capítulo 2: libertados;
— capítulo 3: regressam ao trabalho;
— capítulo 4: falta apenas o triângulo amoroso e estamos prontos para a gala final.
Joana Amaral Dias aproveitou a oportunidade para perguntar, basicamente:
“Então e os candidatos presidenciais? Nenhum quer comentar? Estão tímidos?”
Mas ninguém abriu a boca. Nada. Nem um “boa noite”. O silêncio foi tão absoluto que até parecia debate presidencial… sem candidatos.
E enquanto isso, as tais herdades continuam ali, firmes e hirtas, com os seus proprietários de nomes tão discretos que podiam passar por ingredientes de iogurte magro. Empresas, sociedades, consórcios — tudo muito organizado, muito eficiente, quase alemão… excepto na parte do respeito pelos trabalhadores, que é, digamos, mais tropical.
Joana deu o aviso: se os jornalistas não investigarem, investiga ela. E nós sabemos que quando ela diz que investiga… investiga MESMO. Houve quem já começasse a esconder recibos, cabazes de Natal e listas de contactos de emergência.
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