O deputado único do Chega, André Ventura, considerou hoje que, 47 anos depois da Revolução dos Cravos, Portugal é um “país de contradições” e defendeu que deveria ser celebrado “o luto da democracia”.
“Hoje, os cravos vermelhos deviam ser substituídos por cravos pretos porque é o luto da nossa democracia que hoje devíamos estar a celebrar”, afirmou, na sua intervenção na 47.ª sessão solene comemorativa do 25 de Abril no parlamento, assinalando que “daqui a duas horas o país fechará todo”, numa referência às medidas de combate à pandemia.
“De norte a sul, restaurantes, cafés, bares e tudo o que tivermos aberto encerrará naquele que é o dia da liberdade”, criticou, considerando que Portugal foi o “país que menos apoiou negócios, empresários famílias”, mesmo havendo “dinheiro para tudo, até para pagar a políticos que estão presos subvenções vitalícias”.
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Na sua intervenção, André Ventura afirmou que a democracia “se deteriora, que vai perdendo qualidade de tal maneira que um jornal esta semana dizia que só 10% acredita em plena democracia”.
“Grande Abril que nos deram, grande revolução que nos transmitiram ao fim de 47 anos de um país que já não acredita e de um país que já quer muito mais do que aquela manhã de abril”, atirou, apontando que “metade do país acha hoje que está pior do que antes de 25 e Abril”.
E questionou “como é que é possível que a tal gloriosa Revolução dos Cravos, a tal manhã gloriosa que nos deram, afinal seja por metade do país ignorada e que diga que está hoje pior do que estava”.
De seguida, André Ventura criticou que, enquanto na Assembleia da República “os portugueses veem celebrar a liberdade, veem os seus negócios e as suas vidas” encerradas “por um Governo sem critério, medidas com absurdo e sem qualquer sentido para aqueles que estão a sofrer”.
O presidente do Chega defendeu igualmente que “nos 47 anos de Abril” Portugal é “um país de enormes contradições”, advogando ser necessária “outra revolução”.
“Um país que bate no peito quando morre alguém nos Estados Unidos às mãos da polícia, mas que esquece os idosos que todos os dias não têm dinheiro para pagar consultas, aqueles que morrem às mãos de um sistema de saúde que não funciona”, concretizou, pedindo que sejam recordados também os “milhares de ex-combatentes que continuam a ser destratados por um Estado que os trata como bandidos”.
“É um país de contradições em que damos tudo a quem não quer fazer nada e continuamos a atolar em impostos aqueles que trabalham, que sustentam este país”, acrescentou.
André Ventura afirmou também que Portugal desceu “no ‘ranking’ da corrupção” e que “ninguém possa dizer que não viu um tribunal a branquear a corrupção como nunca antes se branqueou, a dizer que dinheiro ilícito nem sequer tem que ser declarado”, e apontou que o Governo “quer cada vez mais controlar a justiça” para “branquear os poderosos que corrompem” e “perseguir adversários da oposição”.
“Que Abril quando os salários baixam, quando os jovens emigram, quando os políticos corruptos andam à vontade na rua, que Abril podemos dar ao futuro se não conseguimos sequer concretizar a mais ténue das nossas aspirações”, questionou igualmente, tendo dito ter “um respeito enorme a todos os que fizeram abril e a todos os que permitiram que a democracia hoje existisse”.
E pediu que se lembrem de todos os portugueses esquecidos, advogando que a promessa devia ser de “dignidade, trabalho, honra e futuro”, alegando que é isso “que este país perdeu há muito tempo”.
O deputado indicou ainda que vai descer a Avenida da Liberdade porque prefere estar no “desfile ao lado dos portugueses que querem uma vida melhor”.
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