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Cerca de 23 % dos portugueses sofrem de doença mental

Notícias de Coimbra | 8 anos atrás em 27-09-2016

 

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Cerca de 23 % dos portugueses sofrem de doença mental – afirmou o psiquiatra Carlos Braz Saraiva, acrescentando que se calcula que 800 mil padeçam de depressão e estimando que haja à volta de 1200 suicídios por ano no nosso País.

Carlos Saraiva e Jorge Castilho

Carlos Saraiva e Jorge Castilho

O especialista falava, ontem à noite, num jantar-debate promovido pelo Rotary Clube de Coimbra – Olivais, lideradopor Jorge Castilho, onde proferiu uma palestra subordinada ao tema “A Crise e a Doença Mental”, referindo que os números citados foram extraídos de um estudo efectuado pela Universidade Nova de Lisboa, seguindo os chamados critérios de Harvard na avaliação das patologias do foro psiquiátrico. Sublinhou que o referido estudo data de 2013, portanto já em plena crise económica e financeira que tem afectado Portugal.

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Carlos Saraiva – que é Chefe de Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – sublinhou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem vindo a alertar para um aumento de casos de ansiedade, depressão, alcoolismo, consumo de substâncias e suicídio, associados à grave crise sócio-económica.

Referindo que “a exclusão social e a perda do sentimento de pertença, geradores de desesperança, têm um grave impacto na saúde mental” e que “o desemprego ou o emprego precário estimulam a insegurança e o medo”, acrescentou que “as desigualdades sociais em saúde estão mais patentes em grupos vulneráveis, como as crianças, os idosos, pessoas de baixo estatuto socioeconómico ou com perturbações mentais pré-existentes”.

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Disse depois que a Saúde Mental tem sido chamada para as fronteiras das Humanidades, onde reside o “sentir as pessoas”, e que, frequentemente, “os psiquiatras acabam por prescrever psicofármacos com o objectivo de aliviar a angústia ou a insónia, quando o fundamental seria ir a montante, à raiz social e familiar, às ajudas sociais e à reabilitação psicossocial”.

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“Uma questão de escolhas quanto ao alocar de verbas” – comentou, para acrescentar que a OMS, ao enfatizar a prioridade sobre aqueles grupos sociais mais vulneráveis, “visa estimular boas práticas de prevenção, para além do diagnóstico e tratamento”. Por isso, destacou, “é essencial persistir na psiquiatria comunitária fortalecida por equipas assistenciais com recursos de inclusão”.

No decorrer do animado debate que se seguiu à palestra, o especialista disse ainda que “a luta contra o estigma, o incremento da literacia em saúde mental e a psico-educação permitem um conhecimento mais eficaz dos sinais de alarme de uma descompensação da saúde mental, exemplificado nas perturbações do sono, do humor ou do comportamento”.

Afirmando que o papel da comunicação social nesta área se reveste de grande importância, Carlos Saraiva concluiu:“O Plano Nacional de Saúde Mental porfia os mesmos princípios em relação aos doentes mentais: equidade e respeito. Espera-se ainda uma melhor cobertura dos serviços, promover programas de prevenção, diminuir a taxa de suicídio e recolher indicadores de controlo. A prometida e ansiada legislação sobre os Cuidados Continuados de Saúde Mental, ao fim de vários anos de compasso de espera, poderá acabar com uma indigna discriminação”.

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