Celeste Amaro foi afastada da assessoria artística e cultural do Convento São Francisco (CSF), espaço gerido pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), lugar que tinha ocupado o mês passado. A informação, apurada pelo Notícias de Coimbra, foi confirmada pela autarquia.
A ex-diretora diretora regional da Cultura do Centro “não vai continuar no Convento São Francisco”, referiu fonte do município. No entanto, para já, ainda não foi definido quem a vai substituir.
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Celeste Amaro tinha substituído Isabel Worm, cujo contrato para serviços de consultoria artística e cultural terminou a 13 de fevereiro de 2022.
Em 9 de feverero, a Câmara de Coimbra anunciou que a antiga diretora regional da Cultura do Centro e ex-deputada do PSD, Celeste Amaro, ia assumir a partir de março a programação do Convento São Francisco.
Nessa data, em resposta à Lusa sobre se há um término definido para o tempo em que Celeste Amaro estarria à frente do Convento e se esta é uma solução transitória, o município referiu apenas que o mandato de Celeste Amaro à frente daquele espaço não tem um “limite temporal pré-definido”, mas o autarca nunca terá imaginado que a esposa do eurodeputado Álvaro Amaro “não ia aquecer o lugar”.
“Entrou a matar”, o que terá desagradado a alguns funcionários e a quem aceditou “nesta solução do passado”, confidenciou fonte do espaço da margem esquerda.
A coligação Juntos Somos Coimbra, encabeçada por José Manuel Silva, obteve maioria absoluta na Câmara Municipal nas últimas autárquicas e apresentava no seu programa como uma das propostas “autonomizar a gestão e direção artística do Convento São Francisco”.
No anterior mandato, em que o executivo era liderado pelo PS, José Manuel Silva, enquanto vereador na oposição (pelo movimento Somos Coimbra), foi bastante crítico da forma como era gerido o Convento São Francisco, defendendo sempre um modelo de funcionamento autónomo.
Já depois de tomar posse e num dos primeiros atos públicos enquanto novo presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva garantiu, no final de outubro, que o novo modelo de gestão do Convento São Francisco ficaria definido durante o seu primeiro ano de mandato.
“Tem que ser possível [definir modelo de gestão do espaço] no primeiro ano de mandato”, disse José Manuel Silva, que respondia à agência Lusa no final de uma cerimónia em que foi atribuído o nome de Sala D. Afonso Henriques à Antiga Igreja do Convento São Francisco.
Aquele espaço cultural e centro de congressos inaugurado em 2016 contou com um investimento de 42 milhões de euros, tendo funcionado até ao momento sem uma estrutura autónoma de gestão e programação do Convento.
Celeste Amaro foi a responsável da Direção Regional da Cultura do Centro (DRCC) entre 2011 e 2018, num percurso que não esteve isento de polémicas.
A antiga diretora integrou na DRCC o ex-diretor do Museu da Presidência, Diogo Gaspar, que está em julgamento a responder por 42 crimes na “Operação Cavaleiro”, e no último ano de mandato à frente da DRCC declarações suas levaram a vários pedidos de demissão por parte de agentes culturais.
Em março de 2018, numa visita a Leiria, Celeste Amaro disse que se tinha deslocado àquela cidade porque ali os agentes culturais não lhe pediam dinheiro.
Essas declarações motivaram uma petição pública assinada por realizadores, encenadores, atores, dramaturgos e produtores culturais que pediam a demissão de Celeste Amaro.
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