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Catarino Art Gallery desnuda a Arte em Coimbra

Angel Machado | 3 horas atrás em 23-10-2025

Um artista de múltiplas linguagens que transforma o medo, o corpo e a beleza em arte. O engenheiro civil e artista plástico, João Manuel Catarino dos Santos, conhecido como Catarino, abre uma nova galeria em Coimbra dedicada exclusivamente às suas obras. A movimentada Rua Ferreira Borges ganhou a Catarino Art Gallery, um espaço simbólico para o artista.

Há um ano, inaugurou uma galeria na Rua da Loiça n.º 35 em Coimbra, que rapidamente ganhou vida e tornou-se uma celebração para artistas e apreciadores das artes plásticas. Com o aumento da procura por parte de criadores que queriam expor, o artista decidiu abrir um segundo espaço — desta vez inteiramente dedicado ao seu próprio trabalho. “Na outra galeria tínhamos tantos artistas que o espaço começou a faltar. Decidimos então abrir uma só com as minhas peças”, explica. “A arte não é um negócio propriamente dito — é uma paixão.”

Entre a engenharia e a criação artística, apesar do gosto pela arte estar presente desde criança, Catarino seguiu o curso de Engenharia Civil e foi professor universitário durante vários anos. Hoje, é diretor de uma empresa de projetos de construção — profissão que, longe de afastá-la da arte, alimenta a sua criatividade. “Durante o dia penso no que vou pintar à noite, e à noite sonho com o que pintei no dia anterior. Mesmo quando estou a trabalhar em engenharia, olho para uma parede ou para uma textura e imagino-a numa tela.”

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Catarino trabalha sobretudo com pintura acrílica sobre tela, mas o seu trabalho distingue-se pela experimentação constante, inclusive a digital. “As pessoas ainda desvalorizam a arte digital. Pensam que o computador faz o trabalho, mas o rato e a mesa digitalizadora também são ferramentas manuais. Às vezes demoro mais a criar uma peça digital do que uma tela em acrílico.”

Todas as suas obras digitais são impressas apenas uma vez. “Cada peça é única. Só a passo para papel uma vez, como se fosse uma pintura feita à mão.” A nova galeria aposta numa arte acessível. Há quadros A3, com moldura, a partir de 80 euros — e durante a primeira semana de abertura, os visitantes beneficiarão de 40% de desconto.

“É preferível ter uma obra original por 50 ou 60 euros do que uma cópia industrial por 50. É como a alta costura — mesmo feita por um artista menos conhecido — é sempre diferente de uma produção em massa.” Para Catarino, o verdadeiro prazer da arte está no ato de partilhar. “Quando termino uma peça, a satisfação é pessoal. Mas ela só se torna real quando alguém a vê. Caso contrário, não existe.”

A exposição “O Mundo é uma Fábrica de Medo” é uma das mais recentes do artista. A série reflete sobre o sofrimento humano — guerras, fome, exclusão e vulnerabilidade. “Sem querer ser demasiado dramático, quis retratar a dor e o medo. As expressões e as cores evocam essa introspeção”, patente na Catarino Art Gallery.

Noutras séries, como “O Meu Jardim”, Catarino inspira-se na natureza. A partir de pequenas observações — como a flor do cardo, usada na produção de queijo —, cria reflexões sobre a beleza e a utilidade das formas naturais. “Cada experiência vivida transforma-se em arte. Mesmo algo espinhoso pode dar origem a algo belo.”

Entre os projetos em desenvolvimento, o artista prepara duas novas séries: “Lendas e Tradições de Coimbra”, composta por cerca de 20 quadros inspirados em histórias locais; “Feiras e Festas Portuguesas”, já com mais de 30 obras que retratam o folclore e as tradições nacionais. “É uma forma de trazer à superfície a nossa identidade. Somos o lugar onde vivemos”, sublinha.

Sem pressa nem ambições comerciais, o artista afirma estar a viver um momento de liberdade criativa. “Quando pinto em acrílico, sou muito abstrato; quando desenho à mão, sou hiper-realista. Talvez me identifique com o expressionismo abstrato, mas não gosto de me limitar. Se uma técnica me apaixona, sigo por aí.”

Segundo o artista plástico, o Catarino que assina os quadros é o mesmo que sempre existiu: curioso, persistente e apaixonado por transformar o quotidiano em arte. Como pensava Dalí, “não se preocupe com a perfeição, você nunca irá consegui-la.”

Catarino Art Gallery fica na Rua Ferreira de Borges n.º 161 em Coimbra. Aberta de segunda-feira a domingo das 9:00 às 21:00. Contacto 914 059 749. Victoria Art Gallery na Rua da Louça, nº 35, Coimbra. Aberta de terça-feira a sábado, das 10:00 às 19:00.

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