Primeira Página

Carro da PJ furtado, bigodes, broas, bicicletas, madeixa verde e Licor Beirão marcam “Terra Nossa” na Lousã

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 6 meses atrás em 29-06-2025

Imagem: SIC / Reprodução

O programa Terra Nossa, da SIC, conduzido por César Mourão, rumou à vila da Lousã, onde, como já é tradição, deu palco a figuras locais e às suas histórias singulares — muitas delas hilariantes, outras profundamente inspiradoras. O programa foi exibido este sábado, 28 de junho.

Manuel “Campião”, apicultor desde 1979, já foi picado por abelhas inúmeras vezes, até nas partes íntimas. Abriu assim o episódio com esta figura icónica e bigode inconfundível. Além da criação de abelhas, teve um café com o próprio nome, que manteve durante quase 17 anos, onde chegou a vender 100 litros de vinho num só dia. O nome remonta a 1962, quando trabalhava numa empresa de alcatifas (hoje extinta) e um colega conhecido por dar alcunhas batizou-o assim por ser um “campeão” e malandro por andar a espreitar as saias das meninas.

A fama juvenil valeu-lhe boas gargalhadas ao longo da vida. Foi também criador de cães premiados. Antes de ir para a tropa, usava suíças e, desde 1970, ostenta orgulhosamente o bigode — símbolo que a esposa nunca apreciou, mas que ele defende com humor: “rapa o teu também!”. Hoje, é inseparável do bigode, que, como diz, “vai comigo para a cova”.

PUBLICIDADE

publicidade

Outro destaque foi Osvaldo Francisco, conhecido por “Parrana”, que protagonizou um dos momentos mais insólitos do programa. Há cerca de 40 anos, após uma festa de anos em Coimbra e já alcoolizado, procurava um carro onde dormir e encontrou um aberto, com as chaves na ignição. Sem saber que se tratava de um carro da Polícia Judiciária (estava descaracterizado), arrancou rumo a uma festa em Taveiro.

A certa altura, tentou ligar os quatro piscas para ultrapassar um autocarro, mas ativou as sirenes. Por volta das 5:00 da manhã, deixou o carro no mesmo sítio onde o fora buscar. Nessa altura, foi surpreendido com uma a arma pontada. A resposta de Osvaldo? “Não se atrapalhe que eu também tenho cá [arma]” — no carro estavam armas e o pirilampo da PJ.

Foi a tribunal, condenado a pagar 120 euros, não pagou. Três anos depois, em Mangualde, foi detido por ter um mandado de captura e passou um mês preso. A defesa dos elementos da PJ foi caricata: um agente disse que adormeceu, o outro que se esqueceu das chaves no carro. Osvaldo acabou por ser indemnizado, uma vez que a polícia foi considerada negligente. Já viúvo há dois anos, teve de “arranjar quem lhe lavasse a roupa” — e rapidamente encontrou uma nova companheira. Tal como Manuel, também foi picado por abelhas nas partes íntimas.

A herança do Licor Beirão também esteve em destaque com José Redondo, filho do criador da bebida. Contou como o pai, nos anos 40, foi um verdadeiro pioneiro do marketing em Portugal, colando sozinho cartazes para promover o licor. Hoje, com mais de 90 anos de história, a fábrica emprega mais de 160 pessoas e mantém a tradição: todas as garrafas são seladas manualmente por uma equipa de 16 funcionários. A entrevista decorreu no campo de Rugby da Lousã.

Joaquina Correia, cozinheira de mão cheia, conquistou o público com as gargalhadas e a barriga da equipa de produção com as suas broas (que só há às sextas-feiras), arroz doce, sonhos e pataniscas — tudo feito em casa. Vai sozinha aos bailes, sem o marido, e até o presidente da Junta de Freguesia é cliente assíduo das suas broas. Não pode abusar, pois não tem alvará, mas está sempre pronta para uma gargalhada — que atinge facilmente os 90 decibéis! Canta no coro da igreja há mais de 50 anos, sendo considerada a primeira salmista da Lousã.

O comércio local também brilhou com Sónia Gonçalves, da loja “Lourinha”. Começou a vender com a mãe aos 5 anos, à porta do mercado da Lousã, e hoje destaca-se nas feiras e nas redes sociais. Quando César entrou na loja, Sónia estava em direto no TikTok. Foi precisamente nesta plataforma que conheceu o companheiro, Fernando.

A irreverente Clara Bento, cabeleireira com o salão “Madeixa Roxa”, mostrou o seu estilo único e paixão por cores fora do comum. Trabalha sozinha num espaço que adquiriu há 4 anos. Um dos membros da produção foi “sacrificado” durante as gravações e fez uma madeixa verde, à la Maria José Valério, garantindo um momento hilariante.

Luís Gregório, ciclista de 72 anos, participou em 13 Voltas a Portugal e correu lado a lado com Joaquim Agostinho. Numa das etapas, Porto Alto-Grândola, percorreu 200 quilómetros sozinho e não foi eliminado. Não desistiu graças ao apoio dos carros de equipa. “Só quero ser o último”, disse, com humildade. Tem uma oficina de bicicletas há 44 anos e ainda hoje pedala diariamente duas horas por dia. A emoção tomou conta do final do episódio com uma homenagem comovente dedicada a Gregório — a música de encerramento foi exclusivamente para o mecânico.

Mais uma vez, o “Terra Nossa” celebrou o espírito das terras portuguesas com humor, ternura e respeito. A Lousã brilhou — através das suas pessoas.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE