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Carraças lançam nova ameaça: Já matou cães e pode atacar humanos

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 40 minutos atrás em 04-12-2025

Uma bactéria transmitida por carraças e recentemente descoberta nos Estados Unidos está a preocupar cientistas e autoridades de saúde, depois de ter provocado a morte de vários cães e deixado outros gravemente doentes. A nova espécie, batizada Rickettsia finnyi, é do mesmo género responsável pela febre maculosa, uma doença potencialmente fatal tanto para animais como para humanos.

Investigadores da Universidade Estadual da Carolina do Norte conseguiram isolar a bactéria a partir do sangue de um cão que apresentava sintomas semelhantes aos da febre maculosa das Montanhas Rochosas — febre alta, apatia e queda acentuada das plaquetas.

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Após sequenciar o genoma, a equipa confirmou tratar-se de uma espécie totalmente nova, identificada inicialmente em três cães em 2020. Desde então, surgiram mais 16 casos, sobretudo nos estados do Sudeste e Centro-Oeste norte-americano.

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Segundo a investigadora veterinária Barbara Qurollo, autora principal do estudo, a maioria dos animais recuperou com tratamento adequado. No entanto, um cão morreu antes de ser diagnosticado, outro teve de ser eutanasiado e um terceiro teve uma recaída após o tratamento e morreu devido a síndrome nefrótica.

Os cientistas alertam que muitas espécies do género Rickettsia conseguem saltar entre espécies, incluindo para humanos. Por isso, dizem os especialistas, o género “deve ser sempre considerado potencialmente patogénico” para pessoas.

A investigação destaca que humanos e cães não são hospedeiros principais destas bactérias, mas podem ser infetados quando habitam zonas com forte presença de carraças.

Ainda não está totalmente claro qual é a espécie de carraça responsável por transmitir a Rickettsia finnyi. Porém, há fortes indícios de que a infeção possa estar associada ao carrasco “estrela solitária” (Amblyomma americanum).

Um grupo de investigação no Oklahoma encontrou DNA da nova bactéria nesta espécie de carraça, cuja distribuição geográfica coincide com os locais onde os cães infetados foram identificados.

Em laboratório, a nova Rickettsia demonstrou ser altamente resistente, conseguindo sobreviver e multiplicar-se em células imunitárias caninas durante mais de 104 dias. Isto sugere que cães — e possivelmente outros mamíferos — podem funcionar como reservatórios da doença.

Dado o potencial de transmissão entre espécies, os investigadores defendem uma vigilância reforçada:

“Identificar os hospedeiros e os vetores é essencial para prevenir impactos na saúde pública”, refere a equipa da NC State.

A descoberta é particularmente relevante porque, até agora, apenas a Rickettsia rickettsii era conhecida por provocar febre maculosa em cães na América do Norte. A Rickettsia finnyi passa agora a ser o segundo agente confirmado.

O estudo completo foi publicado na revista Emerging Infectious Diseases.

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