Coimbra

Carlos Costa encontrado sem vida em Coimbra. “Morreu onde sempre quis estar”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 16-07-2025

Um homem, de 65 anos, foi encontrado sem vida, esta manhã, 16 de julho, em Coimbra.

Do que foi possível apurar, a vítima não era vista desde ontem, dia 15. O sexagenário, que vivia sozinho, residia numas águas furtadas do edifício do Salão Brazil há décadas.

O homem, que já foi sem-abrigo, foi acolhido pelo Jazz ao Centro e ajudava com trabalhos de carpintaria.

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A Associação Jazz ao Centro Clube emitiu um comunicado na sequência deste triste desfecho. “Carlos Costa era um homem inteligente, de personalidade vincada, e nem sempre fácil, dotado de particular talento para trabalhar com vários materiais, a partir dos quais fazia a sua arte”.

Era natural de uma pequena localidade do distrito de Viseu, onde nasceu em fevereiro de 1960. A sua família esteve em Angola por vários anos, regressando após a independência desse país africano. Viveu em vários países da Europa, tendo ao longo da vida várias profissões, descreve a nota.

Após experiências laborais em diversas empresas da região de Coimbra acabou por ficar em situação de desemprego, o que motivou que ficasse numa situação de sem abrigo. Durante esse período sem tecto, foi sinalizado por várias instituições e pelas respostas sociais do município de Coimbra.

“A partir de 2013, logo após o Jazz ao Centro Clube ter adquirido o trespasse do Salão Brazil, a associação cultural decidiu acolher o Carlos Costa, enquanto artista em residência por tempo indeterminado. O objetivo era permitir que pudesse desenvolver o seu projeto de vida “Arte sem abrigo”, garantido-lhe autonomia e uma vida digna”.

Enquanto residiu no Salão Brazil, sala de espetáculos gerida pela Associação Jazz ao Centro Clube, Carlos trabalhou nos seus projetos e auxiliou de diversas formas a associação. “O seu legado encontra-se visível na varanda do Salão Brazil, onde com o seu particular gosto por plantas, criou um espaço aprazível para todos quantos cá trabalhavam e visitavam o edifício”, relata a nota.

Nos últimos anos, desenvolveu problemas de saúde do foro oncológico e, nos últimos meses, a situação agravou-se, tendo sido internado por diversas vezes, sem nunca tendo sido possível o seu encaminhamento para uma unidade de cuidados paliativos, afirma a Associação Jazz ao Centro Clube em nota.

Durante este período, foi acompanhado de forma generosa e incansável pela equipa técnica da Cáritas Diocesana de Coimbra, tendo também usufruído de um importante apoio domiciliário por parte da Associação Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel (ACERSI), instituição que já antes o apoiava.

“O Carlos Costa era uma pessoa de espírito livre e que fez sempre questão de assim se manter. Por essa razão se explica que tivesse rejeitado cuidados médicos que o obrigassem a sair do seu espaço. Os seus familiares mais próximos visitaram-no, aqui no Salão Brazil, no período da doença terminal, podendo assim despedir-se dele”, conta.

O Carlos Costa morreu entre a noite de 15 de julho e a manhã do dia 16, “no sítio onde sempre quis estar”.

O Jazz ao Centro Clube agradece a todas as pessoas e instituições que generosamente ajudaram o Carlos Costa na fase final da sua vida.

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