Portugal
Caos no combate aos fogos. Atual sistema dos comandos sub-regionais é uma “aberração”

Imagem: depositphotos.com
A vaga de incêndios que tem devastado o norte e centro de Portugal nas últimas semanas revelou falhas graves no atual sistema de comandos da Proteção Civil.
A substituição dos antigos comandos distritais pelos comandos sub-regionais, implementada em janeiro de 2023, está a ser apontada como um dos principais motivos para o atraso no combate inicial às chamas e para o rápido alastramento dos fogos, dá conta o Correio da Manhã.
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O sistema, criado pelos governos de António Costa e executado pelos ministros Eduardo Cabrita e José Luís Carneiro, tem enfrentado críticas severas. Apesar das intenções do atual governo de Luís Montenegro em reverter para o modelo distrital, a mudança não foi concretizada a tempo do verão, deixando os incêndios a consumir vastas áreas.
Exemplos recentes ilustram a ineficiência do sistema: no incêndio de Moimenta da Beira (distrito de Viseu), que pertence ao comando sub-regional do Douro, corporações de bombeiros a mais de cem quilómetros foram convocadas, enquanto a corporação do Sátão, situada a apenas 20 km, não foi chamada para a intervenção inicial.
Situação semelhante ocorreu na Covilhã (distrito de Castelo Branco), onde o fogo começou às 15:00 de domingo, 10 de agosto, mas as corporações locais só foram acionadas horas depois, com as primeiras respostas a virem da Guarda, região muito mais distante.
Além do impacto operacional, o sistema atual gera custos elevados e desgaste dos operacionais envolvidos. António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, reforça: “O atual sistema não funciona e é uma aberração sob ponto de vista operacional. Todos reconhecem isso mas ninguém ainda foi capaz de alterar a situação. A mudança é fácil: é o regresso aos comandos distritais.”
Face à grave situação, Marrocos disponibilizou esta segunda-feira dois aviões Canadair para ajudar no combate aos incêndios em Portugal. As aeronaves, baseadas em Monte Real, foram acionadas pelo protocolo bilateral de cooperação em proteção civil. Espanha, que também foi solicitada, não pôde ajudar devido à situação crítica que enfrenta.
Até às 17:00 de segunda-feira, foram registados 65 incêndios rurais em Portugal continental, mobilizando 1.735 operacionais. Os mais preocupantes continuam a ser os focos em Vila Real, Trancoso, Covilhã e Tabuaço.
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