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Cansaço que dura pode ser um mini-AVC

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 19-05-2025

Uma recente investigação científica revela que a fadiga pode persistir durante um ano inteiro em pessoas que sofreram um ataque isquémico transitório (AIT), vulgarmente conhecido como mini-AVC.

O estudo, publicado na revista Neurology, indica que este cansaço prolongado é especialmente comum em pacientes com antecedentes de ansiedade ou depressão, conforme refere o portal SciTech Daily.

O AIT ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é temporariamente interrompido, provocando sintomas que geralmente desaparecem em menos de 24 horas, como dificuldades na fala, fraqueza nos membros ou queda da face. Contudo, segundo o investigador principal Boris Modrau, do Hospital Universitário de Aalborg, na Dinamarca, a fadiga pode ser um sintoma persistente e debilitante, mesmo depois da recuperação dos sinais físicos.

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Para o estudo, foram acompanhados 354 doentes com uma média de 70 anos, avaliando os níveis de fadiga em vários momentos: duas semanas, três meses, seis meses e um ano após o evento. A investigação analisou diferentes dimensões da fadiga, desde o cansaço geral e físico até à diminuição da motivação e da atividade mental, pode ler-se no ZAP.

Os resultados mostraram que, no início, 61% dos participantes apresentavam fadiga, número que se manteve elevado ao longo do tempo, com 54% ainda a relatar cansaço um ano depois do mini-AVC. Curiosamente, os exames ao cérebro não encontraram relação entre a fadiga e a presença de coágulos, sugerindo que outras causas podem estar associadas.

Um dos achados mais relevantes foi que aqueles que sofreram fadiga prolongada tinham o dobro da probabilidade de ter antecedentes de ansiedade ou depressão, reforçando a importância de uma abordagem integrada ao tratamento destes doentes.

“O nosso trabalho evidencia a necessidade de um acompanhamento prolongado, sobretudo para os pacientes que apresentam fadiga logo no início,” explicou Modrau. “Identificar os mais vulneráveis permitirá desenvolver estratégias de intervenção mais eficazes.”

Os investigadores alertam, no entanto, para a possível influência da ajuda de cuidadores na resposta aos questionários, o que pode afetar a precisão dos resultados auto-relatados.

Este estudo vem reforçar a ideia de que, apesar de os mini-AVC serem considerados eventos transitórios, o seu impacto pode prolongar-se muito para lá dos sintomas físicos, afetando profundamente a qualidade de vida dos doentes.

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