Opinião

Caminhos de Coimbra para o Património Mundial

ANTÓNIO MAGALHÃES CARDOSO | 11 anos atrás em 02-10-2013

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MAGALHÃES CARDOSO

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Muito se escreveu e muito rejubilámos com a inscrição pela UNESCO da Universidade de Coimbra na lista de Património da Humanidade. Mas só agora começou a jornada…

A Alta e a Sofia são desde Junho de 2013 Património Mundial. Muita História, muitos anos de profícuo esforço, muitas pessoas qualificadas dedicando-se à causa, muito estudo, muito planeamento, muito relacionamento institucional e muita diplomacia antecederam esta decisão da UNESCO.

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A festa foi feita e não era motivo para menos: a excecionalidade da Universidade de Coimbra foi reconhecida ao mais alto nível planetário!

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Agora, é necessário que “aterremos” e programemos as próximas décadas, para que a integração nesta restrita lista não possa ser posta em causa e para que possamos maximizar os benefícios que daí podemos retirar. E há um esforço de olhar para trás, para percebermos o que permitiu, sobretudo a nível local, este sucesso. Enfatizamos a componente local do processo, sem podermos esquecer o inestimável contributo da nossa diplomacia, sobretudo na fase final, para que a decisão fosse tomada de forma tão consensual e entusiástica.

Paz e colaboração intensa entre a Cidade e a Universidade estão na origem da decisão favorável. Esta afirmação poderá parecer irrelevante, dado que seria óbvio que, numa causa como esta, tudo teria que correr bem entre as lideranças universitárias e municipais. Mas não é nem irrelevante nem óbvia!

Os cidadãos de Coimbra sabem bem – e devem recordá-lo sempre – que a Universidade e o Município nem sempre souberam, quiseram ou puderam colaborar nos projetos em que a cooperação e a comunhão de interesses são vitais.

Ora, convém recordar que, algures no ano de 2010, a Universidade solicitou ao Município, entre outros desafios, que absorvesse um conjunto de regras que constavam, de forma ainda não definitiva, do dossier da candidatura a Património Mundial.

Logo se percebeu que as duas grandes preocupações subjacentes a essa proposta de regulamentação eram a salvaguarda (preservar os valores e os critérios que levaram à integração) e a valorização do património então candidato (dar vida, fazendo o que fizermos, tendo que fazer muito bem, à velocidade possível, mas sempre criando valor).

Ora, se não tivesse havido a colaboração total entre as autoridades académicas e autárquicas, não teria sido possível chegar a um Regulamento Municipal que foi uma das peças essenciais no resultado da candidatura e que, inclusivamente, foi objeto de apreciação muito favorável pelo ICOMOS (exigente instituição que presta assessoria à UNESCO em matéria de património). Um Regulamento exigente, mas essencial para evitar desvarios urbanísticos capazes de pôr em risco o que se conseguiu, e suficientemente flexível para permitir a revivificação dos espaços de proteção envolvente…

A criação de uma associação muito participada que assegura a gestão partilhada do bem inscrito é outra das chaves do sucesso. E a estratégia para o centro da Cidade, como sequência do Plano Estratégico de Coimbra, foi definida e será concretizada em três Áreas de Reabilitação Urbana devidamente aprovadas. Falta fazer, pois o “como fazer” está consolidado.

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Dar vida sustentável e equilibrada ao património privado que envolve a Alta e a Sofia – a par da recuperação e da conquista para o conhecimento e para a divulgação do papel das 31 peças físicas que compõem o quadro que permitiu a inscrição – é uma das três tarefas prioritárias… A terceira é assegurar a vitalidade e a visibilidade da Universidade na vida e na cultura portuguesas.

Será fundamental que os cidadãos de Coimbra tenham esta realidade bem presente!

MAGALHÃES CARDOSO

Engenheiro Civil

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