Coimbra

Câmara da Mealhada diz que modelo de gestão do Bussaco não serve e “está ultrapassado”

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 16-07-2020

O presidente da Câmara da Mealhada considerou hoje insuficientes as transferências de meio milhão de euros para o Bussaco, anunciadas na quarta-feira pelo Governo, e defendeu que é urgente mudar o “modelo ultrapassado” de gestão da Mata.

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O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, anunciou na quarta-feira, no Parlamento, um investimento de 500 mil euros em duas tranches na Mata Nacional do Bussaco.

O primeiro investimento, de 100 mil euros, será feito a 24 de julho, através de uma transferência via Câmara Municipal da Mealhada, esclareceu o governante.

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A outra verba, de 400 mil euros, resulta de um acordo com o Fundo Florestal Permanente, para fazer o controlo de invasoras, que foi negociado já há alguns meses pela Fundação Mata do Bussaco e pela autarquia da Mealhada, e que conta com a colaboração de empresas do ramo florestal.

O anúncio ocorreu em resposta ao deputado do Bloco de Esquerda Nélson Peralta, que questionou o ministro sobre o estado da Mata Nacional do Bussaco e da sua gestão.

“É verdade que já estava prevista esta transferência dos 100 mil euros, como a outra na casa dos 400 mil por parte do Governo. Mas isto é francamente pouco face às necessidades”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro.

O autarca considera que “o que é realmente importante e urgente é alterar o modelo de gestão da Fundação Mata do Bussaco para que não nos transformem [autarquia e Fundação], todos os anos, em pedintes”.

Na semana passada, o autarca socialista pediu ao Governo que aceite discutir um novo modelo de financiamento para a Fundação Mata do Bussaco, admitindo não indicar um sucessor do atual presidente, que cessa funções em agosto.

Rui Marqueiro não esconde a preocupação com o futuro da Fundação que gere os 105 hectares de Mata Nacional, até porque as receitas de bilheteira que ajudam a compor o orçamento da instituição caíram para um quinto devido às restrições impostas pela pandemia covid-19.

O atual presidente da Fundação, António Gravato, atinge no início de agosto a idade legal de aposentação, situação que coincide com o fim do mandato de quatro anos, que, em 2019, tinha sido prolongado por mais um ano.

“Este modelo de gestão está ultrapassado. Não tem jeito nenhum e temos quer acabar com ele”, disse Marqueiro à Lusa.

O ministro admitiu no Parlamento “algumas dificuldades no modelo de fundação, devido ao impedimento de transferir verbas diretas da Administração Central”, admitindo reequacionar a forma de gestão.

“A verdade é que se fosse o Governo / Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas a comandar a ação da Fundação Mata do Bussaco, ainda que em cooperação e estreita colaboração com a Câmara Municipal da Mealhada, nem a FMB, nem a CMM precisariam de andar, todos os anos, de chapéu na mão, a pedir verbas para gerir um património que é propriedade do Estado”, avisa Marqueiro.

Com 105 hectares, a Mata Nacional do Buçaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada pelos muros erguidos pela ordem para limitar o acesso.

Para além da Mata centenária, o conjunto patrimonial do Bussaco, que foi declarado monumento nacional em 2017, apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco (instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal) e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco.

Os cruzeiros, as fontes (com destaque para a Fonte Fria com a sua monumental escadaria) e as cisternas, os miradouros e as casas florestais, compõem o vasto conjunto do património.

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