Saúde

Café pode reduzir arritmia

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 40 minutos atrás em 11-11-2025

Imagem: Pixabay

O café é conhecido por aumentar o estado de alerta e acelerar os batimentos cardíacos, pelo que pessoas com fibrilação atrial (FA) — a arritmia cardíaca mais comum — são frequentemente aconselhadas a evitá-lo. Um novo estudo, contudo, sugere que essa recomendação pode precisar de ser repensada.

Investigadores acompanharam 200 pessoas nos EUA, Canadá e Austrália que iriam ser submetidas à cardioversão elétrica para FA. Todos os participantes eram ou haviam sido consumidores de café. Metade concordou em evitar café durante seis meses, enquanto a outra metade continuou a beber pelo menos uma chávena por dia.

Durante o período de seis meses, os episódios de FA com duração superior a 30 segundos foram monitorizados. Surpreendentemente, 47% dos consumidores de café registaram um episódio, contra 64% dos abstémios, o que corresponde a um risco 39% menor para quem bebe café.

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“Os resultados foram surpreendentes”, afirma Christopher Wong, cardiologista da Universidade de Adelaide, na Austrália. “Ao contrário do que se pensa geralmente, descobrimos que os consumidores de café apresentaram uma redução significativa da fibrilação atrial em comparação com aqueles que evitaram a cafeína.”

Estudos anteriores não tinham sido conclusivos quanto à relação entre cafeína e FA, sendo este o primeiro ensaio clínico randomizado a analisar a associação de forma sistemática.

Os investigadores apontam várias possíveis explicações: o café pode melhorar o desempenho físico, atuar como diurético e conter compostos anti-inflamatórios, todos fatores que podem ajudar a reduzir a pressão arterial elevada, um conhecido fator de risco para FA. Outra hipótese é que o consumo de café possa substituir bebidas menos saudáveis, embora isso não tenha sido avaliado diretamente.

A fibrilação atrial afeta milhões de pessoas em todo o mundo, podendo provocar acidentes vasculares cerebrais e insuficiência cardíaca, estando associada a fatores de risco como obesidade, diabetes e consumo excessivo de álcool.

“O número de pessoas com fibrilação atrial está a aumentar, e o risco aumenta com a idade”, explica Gregory Marcus, cardiologista da Universidade da Califórnia, São Francisco. “É razoável que os profissionais de saúde permitam que os pacientes experimentem substâncias naturalmente cafeinadas de que gostem, como chá e café, embora algumas pessoas possam descobrir que a cafeína desencadeia ou piora a sua FA.”

O estudo foi publicado no JAMA, e, embora não demonstre uma relação direta de causa e efeito, oferece novas perspetivas sobre o impacto do café na saúde cardíaca.

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