Coimbra

Café Nicola de Coimbra quer ser “Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural”

Notícias de Coimbra | 3 meses atrás em 21-01-2024

 O Executivo vai deliberar sobre a candidatura de Café Restaurante Nicola de Coimbra” a Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural ou Social local, no quadro da Lei 42/2017, que define como critérios de avaliação a atividade – longevidade, significado histórico e identidade – o património material – património artístico e acervo – e o património imaterial – referência local, salvaguarda do património e necessidade de divulgação. O reconhecimento é competência da Câmara Municipal, depois ouvida a União das Freguesias de Coimbra (neste caso), e concretiza-se após consulta pública de 20 dias.

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Situado na Rua Ferreira Borges, o “Café Restaurante Nicola de Coimbra” ou, simplesmente, “O Nicola”, é um dos mais emblemáticos cafés da cidade e um dos que resiste na Baixa.  O seu alvará data de 23 de janeiro de 1939, tendo atravessado diferentes gerações e, segundo a tese de mestrado Integrado em Arquitetura, de Ana Carolina Lopes Elias, “Os cafés como espaço de sociabilidade: O caso da baixa de Coimbra”, “era frequentado por Fernando Namora e Vergílio Ferreira, para além de outros escritores”.

Este foi, também, adianta-se no mesmo estudo, “um café dos professores da Universidade, dos advogados, dos médicos e dos banqueiros, homens de influência. Até à abertura do Arcádia, albergava também os críticos do futebol”. Em 1957, Mário Silva expôs, pela primeira vez, individualmente, no salão do Nicola que, também, era acarinhado pelos estudantes. 

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Ana Carolina Lopes Elias recorda que, à semelhança do que sucedia na Europa no início do século passado, também em Portugal, por essa altura, assistiu-se à abertura de muitos cafés, locais de convívio social e partilha de ideias. Neste movimento, surgiram o Santa Cruz, A Brasileira e o Café Central (que ficava ao lado do Nicola), aos quais se juntaram, na década de 40, o Montanha e o Nicola e, na década de 50, o Arcádia e o Internacional (agora duas lojas de roupa). “Este movimento tornou-se bastante emblemático para a cidade e para quem lá vivia pois não só eram espaços de tertúlia como também de convívio e de formação intelectual e política. Esta discussão levou aos cafés os opositores ao regime salazarista e, consequentemente, agentes da PIDE, que passaram a frequentar os mesmos para controlar estes espaços”, refere a tese. 

Após a votação do reconhecimento, o passo seguinte passa por uma consulta pública de 20 dias, da qual resultará um relatório da análise dos contributos e/ou reclamações, que integrará a proposta para a tomada de decisão relativa ao reconhecimento do “Café Restaurante Nicola de Coimbra” como “Estabelecimento de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local”.

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