Opinião
Caem que nem tordos!
No olival, tradicional, não as sebes que mandaram plantar no Alentejo, é onde se escondem os tordos, camuflados nos silvados, ocultos nas ramalhudas. O tordo é toda uma assembleia, tem o comum, o músico e o pinto.
Ora com a época venatória a decorrer, em Ansião o tordo foi um idoso de 95 anos. A este juntemos-lhe mais sete, de Almada, Castelo de Vide, Cacela Velha , Vendas Novas…
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A fiar na imprensa, e é bom fiar, foi coisa de telefone. O telefonista estava em greve, com tamanho escândalo os técnicos de emergência médica lá suspenderam a greve.
Num país onde a saúde é para os ricos, que é preciso telefonar antes de ir ao hospital, em que faltam médicos, falharem-nos as ambulâncias, é grave. E os velhos, caem que nem tordos, a partidarite que nos rói as entranhas. Estava tudo bem, havia um plano, com provas dadas.
Mas muda o governo, mudam as políticas e a reforma de Fernando Araújo foi abalroada. Típico, em país onde mérito pesa menos que cartão partidário.
Faltam-nos mentalidade, engenho; a arte de pensar um Portugal inteiro, não esse do progresso e da confiança que espalharam nas rotundas e estradas. Cartazes insanos de quem desconhece Pátria que quer ser país a sério, que ponha cobro a desmandos, brincadeira de miúdos, em colégio graúdo.
Logo agora, que os tempos se vão tornar difíceis, não por incapacidade, mas por cegueira.
Esta Europa, a que pertencemos, tem de se organizar, expulsar países como a Hungria, montar um mercado de capitais único capaz de financiar a inovação e, sobremodo, criar defesa comum. Temos as capacidades, precisamos habituar-nos a viver sem a proteção dos EUA.
Um programa de longo alcance, que vá além do Congresso Mundial de Turismo do Interior, que, por acaso, decorre em Lisboa!
Incidência em palco, como a desse diplomata que escolhemos para o SIS, que chefiou gabinete de governante que virou negociante. É assim, a estratégia é tarde de Sábado a bater canastra no pano verde.
Estamos ainda distraídos, sem provas de vitalidade, como a que falta aos nossos idosos, incapazes de aguardarem horas por um atendimento telefónico.
A defesa da posição tem exemplo na Alemanha, com um programa militar que visa incentivar jovens a ingressar nas Forças Armadas a partir da primavera de 2025.
E o reequipamento militar, nesta Europa que tem indústria capaz. Parece que ninguém ouviu o Draghi.
Enquanto na Hungria se governa poe decreto, estão em estado de emergência, voltaram as fortunas, feitas durante a noite. As autarquias vão decidir, sozinhas, onde é que se pode construir e em que terrenos. Esta alteração vai dispensar a revisão do Plano Diretor Municipal, dizem que vão baixar os preços dos terrenos.
Desconfiemos.
E assim, de calças na mão, chegámos a esta encruzilhada. Tachos e prebendas aos amigos do mando. Desprezo e ineficácia nos serviços do Estado, reformas interrompidas.
Enquanto nós balbuciamos, os outros agem. Nem é falta de dinheiro, é falta de jeito.
Culpa desta herança que nos deram, uma catrefada de políticos de carreira, quando faltam políticos com carreira nas áreas governamentais. Gente que perceba da poda.
Mais tecnocracia, melhor democracia e deixem os tordos, dediquem-se aos patos bravos. Parece que chegou o tempo deles.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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