Coimbra

Cadeiras de Rodas não entram no requintado Colégio da Trindade. (Des)culpas repartidas entre Câmara e Universidade?

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 21-09-2023

As pessoas que são obrigadas a circular cadeiras de rodas estão impedidas de penetrar no Colégio da Trindade da Universidade de Coimbra, uma vez que o renovado espaço público está longe de cumprir a legislação em vigor.

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O Notícias de Coimbra deslocou-se à Travessa da Trindade, onde constatou que não existem rampas de acesso ao edifício que sofreu obras de reabilitação entre 2014 e 2017, com um custo a rondar os sete milhões de euros. Uma parte do financiamento foi assegurada pelo Programa Mais Centro e pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) da União Europeia, a outra pela própria Universidade.

Quem vai pela Rua José Falcão encontra 17 degraus. Do lado da Couraça de Lisboa há 19 escadas que impedem as pessoas com mobilidade reduzida de aceder ao antigo Colégio da Trindade, edifício datado do século XVI, situado na zona classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.

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Um dos últimos alertas surgiu no dia 7 setembro,  quando a vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Manuela Ralha, foi impedida de participar na sessão de apresentação do estudo “Diretrizes para a promoção de cidades saudáveis”. Um evento organizado pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC), pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis.

Contactada por Notícias de Coimbra, a vereadora ribatejana optou por não comentar o episódio.

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Manuela Ralha fez História quando se tornou a primeira pessoa em cadeira de rodas com funções executivas numa câmara portuguesa, avançou a Activa.

Foto DR

A UC refere, em resposta ao Notícias de Coimbra, que “o problema de acessibilidade não está no Colégio da Trindade, mas sim no espaço público”.

A entidade sublinha que “o projeto contemplou a acessibilidade ao Colégio da Trindade a partir do Piso 0 do edifício, acessível através de uma rampa existente na via pública. No entanto, uma intervenção posterior no espaço público inviabilizou esse acesso, pois foram construídas escadas nas duas extremidades da Travessa da Trindade”.

A UC avança que “vai continuar a envidar todos os esforços para criar soluções inclusivas de acesso em todos os espaços do seu património”.

O NDC contactou a Câmara Municipal de Coimbra, mas, até às 21:00, de 21 de setembro, ainda não obteve resposta.

Veja a fotogaleria das barreiras existentes na zona envolvente do Colégio da Trindade:

Recordamos que a Câmara Municipal de Coimbra tem, desde janeiro 2023, um Gabinete para a Igualdade e Inclusão e  inaugurou um Balcão da Inclusão, que estará a funcionar no Mercado D.Pedro V.

Fontes da 8 de Maio afiançam que o Munícipio de Coimbra alguém “a ganhar mais de 2000€/mês, a chefiar este Gabinete da Igualdade e Inclusão, que é chefe dela própria”.

A vereadora “jotinha” Ana Cortez Vaz, que terá a tutela “da Educação, Gestão dos Edifícios Escolares; Ação Social; Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ); Desenvolvimento Social; Habitação Social; Gestão do Parque Habitacional Municipal; e Relação com o Munícipe”, tem apregoado “em alta voz” que  “Coimbra é uma Cidade Inclusiva”.

Mas, na realidade é o que se vê e a cidade escolhe um local para a realização de um evento que não cumpre as regras das acessibilidades para as pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou condicionada.

Segundo uma testemunha ocular, “este triste episódio devia fazer corar de vergonha o senhor Presidente da Câmara, o senhor Reitor, as Vereadoras Ana Bastos e Ana Cortez e todos que estiveram presentes e devem um grande pedido de desculpas a todas as pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade reduzida ou condicionada que pretendem entrar no Colégio da Trindade”.

Apresentar um estudo sobre promoção de cidades saudáveis, num edifício que não promove a inclusão nem as acessibilidades, não devia acontecer numa cidade como a nossa, adianta quem viu o que aconteceu.

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