Portugal

Cabrito do Sinhel é símbolo de identidade e sabor em Góis

Notícias de Coimbra | 9 minutos atrás em 10-10-2025

Desde tempos imemoriais que o cabrito ocupa um lugar especial na mesa portuguesa, sobretudo nas zonas serranas, onde sempre foi sinónimo de sustento e de festa.

Em Alvares, Góis, o Restaurante Fora d’Horas serve o tradicional Cabrito do Sinhel, disponível ao longo de todo o ano, apenas por reserva. A carne, de pequenas dimensões, considerada a mais saborosa, é preparada com paciência e saber, resultando num prato de tons dourados e aroma intenso a ervas aromáticas.

A ligação do cabrito à dieta portuguesa remonta a séculos. Estrabão, no século I d.C., já registava o consumo de cabra pelos Lusitanos. Em Roma, o célebre tratado De Re Coquinaria de Apício incluía várias receitas de cabrito, e até na Bíblia este aparece associado a especiarias como os cominhos.

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Na tradição lusa, o cabrito foi-se afirmando como iguaria festiva. Lucas Rigaud, cozinheiro real, dedicou-lhe um capítulo no seu Cozinheiro Moderno (1780), sublinhando que os melhores eram “de leite e gordos”, próprios para mesas mais refinadas. Já no século XIX, João da Matta eternizou a receita de cabrito assado no forno, hoje considerada um clássico.

Em Góis, o cabrito é mais do que alimento: é património. A criação da Confraria do Cabrito, da Castanha e do Mel do Concelho de Góis, em 2013, reforçou o compromisso de preservar e divulgar este legado gastronómico.

Eventos como o Festival do Cabrito e a iniciativa municipal Páscoa de Sabores celebram a tradição à mesa, juntando iguarias como o cabrito assado, a sopa de castanhas, o requeijão com mel e as filhós.

Mais recentemente, o projeto Rebanhos da Serra do Açor veio associar a gastronomia à sustentabilidade, promovendo o pastoreio como forma de prevenção de incêndios e como motor para a produção de cabritos, queijos e outros derivados.

O prato tradicional exige preparação cuidada: o cabrito é marinado de véspera em azeite, alho, colorau, ervas aromáticas, sal e vinho branco. No dia seguinte, junta-se cebola e leva-se ao forno, até atingir a textura tenra e o sabor profundo que lhe são característicos. O acompanhamento perfeito? Arroz de miúdos e verduras cozidas, como manda a tradição serrana.

Mais do que um prato, o Cabrito do Sinhel é um símbolo da cultura gastronómica de Góis, uma herança de gerações que continua a unir famílias e visitantes à volta da mesa.

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