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Brasil terá mais uma fábrica ​de mosquitos modificados para combater doenças

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 16-03-2021

O Governo brasileiro vai construir uma nova fábrica para produção de mosquitos “Aedes aegypti” contaminados com uma bactéria que os impede de transmitir dengue, zika e chikungunya, visando libertá-los numa área afetada por um desastre mineiro.

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A iniciativa foi anunciada na segunda-feira pelo executivo de Minas Gerais, que será parceiro do projeto liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o maior centro de investigação médica da América Latina e vinculado ao Ministério da Saúde do Brasil.

O objetivo é que os mosquitos, aos quais será introduzida a bactéria Wolbachia através de técnicas de modificação genética, possam ser libertados em Brumadinho, município de Minas Gerais onde a rutura, em janeiro de 2019, de uma barragem da empresa Vale causou 270 mortes e gerou um ‘tsunami’ de lama que cobriu milhares de hectares.

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A tragédia causou um desequilíbrio ambiental e reduziu as populações de sapos e rãs, predadores de mosquitos, o que levou a um aumento de insetos e, consequentemente, das doenças transmitidas por eles naquela região.

Segundo a secretaria de Saúde de Minas Gerais, o número de casos de dengue nos 22 municípios afetados pela rutura da barragem aumentou de 859 em 2018 para 77.741 em 2019. Apenas em Brumadinho, passaram de 25 em 2018 para 2.105 em 2019.

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O Brasil utiliza há vários anos o método Wolbachia no combate à dengue, que consiste na libertação de insetos geneticamente modificados, aos quais foram introduzidas as bactérias que os tornam incapazes de transmitir doenças, para que se misturem às populações locais de Aedes aegypti.

Os mosquitos contaminados com Wolbachia, bactéria presente em 60% dos insetos do mundo e inofensiva ao ser humano, transmitem essa característica aos seus herdeiros, o que, aos poucos, diminui as populações na natureza daqueles que são capazes de transmitir doenças.

O método já foi testado com sucesso em regiões de países como Austrália, Indonésia e Vietname, além de diversas áreas do Brasil, que já possuem esse tipo de fábricas biológicas em diferentes cidades, como Piracicaba, Campinas e Campo Grande.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Governo de Minas Gerais, a fábrica biológica que será construída para viabilizar o desenvolvimento do Método Wolbachia de Controlo do Arboviroses em Brumadinho e nos municípios vizinhos será financiada pela Vale, com parte dos recursos já aprovados pela empresa para reparar os danos causados pela tragédia mineira.

Segundo o executivo estadual, o projeto exigirá um investimento estimado em 57,1 milhões de reais (8,52 milhões de euros), dos quais 10,7 milhões de reais (1,60 milhões de euros) serão destinados às obras de construção da fábrica.

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