Saúde

Bomba na medicina dentária: Alho faz o trabalho de elixires caros

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 dia atrás em 11-12-2025

Imagem: Shutterstock

Alguns dentes de alho poderão, no futuro, fazer mais do que dar sabor ao jantar: poderão ajudar a desinfetar a boca. Uma nova revisão sistemática conduzida por clínicos da Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, sugere que o extrato concentrado de alho apresenta uma surpreendente capacidade de combate aos microrganismos orais — em alguns casos, com eficácia comparável à da clorexidina, o antisséptico considerado o padrão-ouro da medicina dentária.

Os autores analisaram ensaios clínicos que comparavam diretamente enxaguamentos de alho com soluções de clorexidina e encontraram resultados consistentes: o alho mostrou uma eficácia semelhante e, por vezes, superior, sobretudo em concentrações mais elevadas.

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A cavidade oral é um ecossistema complexo com centenas de espécies bacterianas, algumas responsáveis por cáries e doenças periodontais, como Streptococcus mutans ou Porphyromonas gingivalis. A clorexidina é a solução mais prescrita para controlar estas populações, graças ao seu efeito forte e prolongado. No entanto, pode provocar manchas nos dentes, alteração do paladar e suscitar preocupações quanto a resistência antimicrobiana.

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O extrato de alho, rico em alicina — composto que se forma quando o alho é esmagado ou picado — atua destruindo membranas celulares bacterianas. A revisão concentrou-se em cinco estudos clínicos envolvendo participantes entre os 9 e os 40 anos, com períodos de utilização entre uma e duas semanas. Em vários deles, o enxaguamento com alho apresentou até um efeito residual mais duradouro, continuando a suprimir bactérias após o fim do tratamento.

Se o alho é poderoso, também é inconfundível. Os participantes relataram queimação, sabor desagradável e odor persistente. Alguns descrevem um “sabor picante” que permanecia minutos após o uso. Em comparação, embora a clorexidina deixe um toque metálico e manche os dentes, o impacto sensorial do alho é bastante mais intenso — e potencialmente embaraçoso.

Apesar disso, os investigadores destacam que estes efeitos são menos preocupantes do que os riscos químicos associados ao uso prolongado de clorexidina. A equipa sugere inclusive testar o alho em desinfeção de dentaduras, tratamentos de canais radiculares e terapia antifúngica.

O grande desafio, admitem, será criar um enxaguamento de alho eficaz, mas socialmente aceitável, capaz de neutralizar o odor sem perder a atividade antimicrobiana.

Os investigadores defendem ensaios clínicos maiores e bem estruturados, capazes de determinar concentrações ideais, segurança a longo prazo e viabilidade comercial. Se estas barreiras forem superadas, o alho poderá transformar-se numa alternativa natural aos desinfetantes sintéticos.

Os resultados foram publicados no Journal of Herbal Medicine.

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