A bienal europeia Manifesta, que vai realizar-se em 2028 em Coimbra, terá a Rua da Sofia como um dos seus epicentros, numa edição que tem o objetivo de deixar um legado de transformação urbana e cultural na cidade.
A Manifesta, que se desloca de dois em dois anos para uma cidade europeia distinta, vai fundir-se em 2028 com a Anozero, bienal de arte contemporânea de Coimbra, e terá a Rua da Sofia como um dos seus epicentros, numa proposta que vai para lá do território urbano e terá uma especial atenção ao impacto dos incêndios e a uma reflorestação a partir de árvores autóctones, afirmou quarta-feira o diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes, que falava na cerimónia de apresentação do projeto.
Segundo o diretor do CAPC, que coorganiza a Anozero com a Câmara Municipal e Universidade de Coimbra, a Manifesta “é o oposto da ideia de um projeto colonial”, assegurando que a organização terá uma especial preocupação no pós-2028 e em transformar aquele ano não num episódio, “mas num momento de viragem”.
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Também a ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, considerou que a Manifesta pode representar “um verdadeiro processo transformador”, ao requalificar património da cidade, ao dinamizar a economia da região e ao projetar internacionalmente a cultura portuguesa.
“Se trabalharmos juntos, a Manifesta vai deixar em Coimbra não apenas recordações, mas também um legado duradouro. Juntos, vamos dar corpo a uma cultura como lugar de encontro, como impulso de futuro”, vincou a ministra, que reafirmou o compromisso do Governo em assegurar 50% dos oito milhões de euros previstos para a edição da Manifesta em Coimbra.
A diretora da Manifesta, Hedwig Fijen, assegurou que a bienal não é apenas uma exposição de arte, mas um momento de “regeneração cultural e urbana”, referindo que a equipa irá contar não apenas com pessoas ligadas diretamente à arte, mas também arquitetos, sociólogos e urbanistas, entre outros.
“Queremos analisar como espaços abandonados como aqui na Rua da Sofia podem ser revitalizados. É essa a nossa ambição”, afirmou.
Sobre Coimbra, a diretora da bienal nómada considerou que a cidade tem vários pontos “vibrantes e energéticos” e que a realização da Manifesta naquele concelho poderá ter um “impacto social grande”.
O presidente da Câmara, José Manuel Silva, considerou que a Manifesta é “uma plataforma de transformação de comunidades, através do diálogo, da partilha e do desafio”, acreditando que ter a Rua da Sofia como um dos seus focos será “a cereja no topo do bolo”.
“A Manifesta vai obrigar-nos a olhar para estes espaços de forma diferente e coincide precisamente com o olhar do município sobre este espaço [Rua da Sofia]”, disse, esperando que possa ser dada “a dimensão cultural e vivência” que aquela via merece.
O autarca acredita que o investimento na Rua da Sofia, acompanhado com transformações no espaço público e circulação daquela via poderão tornar a zona “no parente rico e não no parente pobre” do património classificado da cidade.
Já o vice-reitor da Universidade de Coimbra Delfim Leão considerou que a Rua da Sofia é uma espécie de “ferida ainda aberta” no património do concelho, esperando que a bienal possa criar “novas centralidades em espaços que são excêntricos e refundar toda a relação com a cidade”.
Além de Coimbra, deverão também participar na edição de 2028 municípios da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, que já assumiu o compromisso de se envolver na bienal.
Carlos Antunes constatou ainda o “entusiasmo absoluto” dos municípios da região, quando contactados para participar no projeto.
Sobre como será assegurado o financiamento dos restantes 50% dos oito milhões de euros previstos, o diretor do CAPC referiu que haverá esforços para “captar essa verba” e procurar financiamento, mas que as restantes envolvidas conseguem assegurar esse investimento, caso seja necessário.
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