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Bienal de Coimbra Anozero regressa em abril com a possibilidade de ser a última
A edição de 2024 da bienal de arte contemporânea de Coimbra Anozero vai arrancar a 06 de abril, anunciou a organização, que teme que esta possa ser a última edição face à possível transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel.
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A próxima edição da Anozero vai decorrer de 06 de abril a 30 de junho de 2024, num programa que tem como curadores o espanhol Ángel Calvo Ulloa e a portuguesa Marta Mestre, afirmou a organização daquela iniciativa, organizada pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), em conjunto com a Câmara de Coimbra e a Universidade de Coimbra.
No entanto, face à transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, epicentro da bienal, num hotel de cinco estrelas ao abrigo do programa Revive poderá pôr em causa a continuidade da Anozero, disse à agência Lusa o diretor do CAPC, Carlos Antunes.
O concurso para a requalificação daquele monumento ainda não foi dado como concluído e não se conhece o teor das propostas apresentadas, num procedimento que majorava os candidatos que reservassem 600 metros quadrados para a bienal, solução que Carlos Antunes sempre criticou.
“Os termos definidos no caderno de encargos não servem à bienal e, sem haver uma alternativa evidente, significa que pode não existir mais a bienal. Se o hotel vingar e não houver uma alternativa, esta pode ser a última bienal”, vincou.
Segundo o diretor do CAPC, a equipa de curadores está a pensar a bienal “como as outras” edições, sem pensar que esta possa ser a última edição, mas admite que “o fantasma da bienal está no ar e, conceptualmente, é uma coisa pesada”.
“Temos esperança que isto não seja o grito final”, salientou Carlos Antunes, referindo que os 600 metros quadrados no mosteiro não são “uma solução”.
No entanto, o responsável notou que a Câmara de Coimbra ainda não apresentou à organização da Anozero qualquer alternativa, considerando que é da responsabilidade do município ter “a iniciativa de apresentar” outra solução.
“Tem de ser uma alternativa que dignifique a bienal. Houve um trabalho de credibilização e de encontro entre pares ao longo de dez anos [a primeira edição foi em 2015]. Chegar a esta dimensão de reconhecimento internacional e depois fazer uma coisa pequena, nuns espacinhos da cidade… é preciso saber acabar. A fase quixotesca tem de terminar e são precisas condições para fazer a bienal, dignificando a arte e a cidade”, realçou.
Para Carlos Antunes, a bienal tem ainda “uma margem de progressão brutal para a cidade, para o país e para o mundo”.
“Ou isso é reconhecido e criam-se condições ou acaba-se. Temos de ponderar tudo isto com realismo. Acredito que o caminho da irrelevância não interessa à cidade, nem à bienal, nem à Câmara nem à Universidade”, afirmou.
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