O preço do grão de café Arábica atingiu o 12.º recorde consecutivo, registando o valor mais alto em quase 50 anos.
Segundo o Jornal de Negócios, a valorização ultrapassa os 70% e a tendência de subida deverá manter-se nos próximos meses, podendo mesmo ultrapassar a barreira simbólica de um euro por chávena.
A escalada é explicada por uma combinação de fatores: os dois maiores produtores mundiais — Brasil e Vietname — enfrentam períodos prolongados de seca e atrasos nas colheitas, o que reduziu a oferta global. A isto juntam-se o conflito no Mar Vermelho, que afeta as rotas marítimas de transporte, e ainda a ameaça de novas tarifas dos Estados Unidos à Colômbia, um dos principais exportadores de café.
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Mas para os portugueses, o aumento do preço vai muito além das bolsas internacionais — atinge o ritual mais simbólico do país: o café.
Durante décadas, a “bica” resistiu a todas as crises. Era o pequeno luxo acessível, o momento de pausa que unia o país inteiro — do balcão de inox da pastelaria ao escritório. Hoje, porém, começa a ser cada vez mais raro encontrar um café a menos de 90 cêntimos, e em Lisboa já há zonas onde chega aos 2,40 euros, pode ler-se no Leak.
Quem está atrás do balcão diz que não há alternativa. A eletricidade, as rendas, os salários e o próprio café em grão subiram.
Face à escalada, muitos consumidores já procuram alternativas: reduzir o consumo ou optar por máquinas de café domésticas. As vendas de cápsulas e máquinas com moinho integrado estão a crescer, oferecendo qualidade a um preço por chávena muito inferior ao do café de rua.
O que antes era um gesto banal, hoje começa a ser um símbolo de mudança — em Portugal, a “bica” está a deixar de ser um hábito diário para se tornar num pequeno luxo.
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