Saúde

Bebé português cheira a peixe podre

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 42 minutos atrás em 30-10-2025

Imagem: depositphotos.com

Um bebé de 12 meses, residente em Portugal, começou a emanar um forte odor a peixe podre sempre que comia determinados pratos de peixe.

O caso intrigou os pais e acabou por ser diagnosticado como uma rara condição metabólica de origem genética.

O episódio foi descrito num relatório científico publicado na revista National Library of Medicine, em fevereiro deste ano, e as investigadoras Maria M. Resende, Laura Leite-Almeida, Patrícia Campos e Inês Sobreira, da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Aveiro, e Paula Garcia, da ULS de Santo António, no Porto, estiveram envolvidas.

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Segundo o artigo, os pais notaram o cheiro pela primeira vez quando o bebé tinha 10 meses. O odor, particularmente intenso na cabeça e nas mãos, desapareceu quando o peixe foi retirado da dieta, mas regressou ao ser reintroduzido dois meses depois.

Os exames realizados descartaram qualquer anomalia no neurodesenvolvimento, rins, fígado ou tiroide da criança. Os médicos suspeitaram então de uma trimetilaminúria, conhecida como “síndrome do odor a peixe” — uma perturbação metabólica rara em que o organismo não consegue eliminar corretamente uma molécula chamada trimetilamina, responsável pelo cheiro a peixe em decomposição.

A análise molecular ao gene FMO3, responsável pela produção da enzima que decompõe a trimetilamina, revelou variações genéticas que poderiam explicar uma forma ligeira e temporária da doença.

Como tratamento, os médicos recomendaram a reintrodução gradual do peixe na alimentação e a utilização de sabão de pH baixo para ajudar a controlar o odor.

Com o passar do tempo, o cheiro foi diminuindo e, aos 19 meses, o bebé já comia peixe regularmente sem apresentar sintomas.

De acordo com as médicas responsáveis, o caso terá resultado da combinação entre variantes genéticas e a imaturidade metabólica do bebé, que se resolveu à medida que o organismo amadureceu.

A trimetilaminúria não tem cura definitiva, mas pode ser controlada através da dieta e de cuidados de higiene específicos. Casos temporários como este são extremamente raros e oferecem novas pistas sobre a forma como o metabolismo infantil evolui durante o primeiro ano de vida.

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