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Bastonário dos Enfermeiros diz que não são suficientes recursos para a Saúde

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 13-09-2013

O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE) reclamou hoje do Governo a adequada dotação de recursos humanos nos serviços de saúde, para se garantir qualidade e segurança nos cuidados prestados aos cidadãos.

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Ao intervir em Coimbra na cerimónia de entrega de cédulas profissionais aos recém-licenciados em Enfermagem na Região Centro, o Enfermeiro Germano Couto reconheceu, no entanto, que os governantes do Ministério da Saúde se têm mostrado sensíveis para com os argumentos apresentados pela Ordem.

“Mas isso não é suficiente”, sustentou o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros no discurso que apresentou na cerimónia, que contou com a presença do Ministro da Saúde, Paulo Macedo.

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Sublinhou que ao dotarem-se os serviços de saúde dos recursos humanos adequados também se combate o desemprego, a precariedade, oferecem-se melhores condições de exercício da profissão e evita-se a exportação de Enfermeiros que são necessários ao país.

O Bastonário da OE estima que atualmente estejam desempregados 7 a 9 mil profissionais de Enfermagem, apesar da manifesta carência nas unidades de saúde.

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Na sua perspetiva, “as políticas recentes do Governo têm contribuído significativamente para um clima de instabilidade e tensão nos serviços de saúde”, nomeadamente através do aumento de impostos, redução salarial, maior carga horária, menores recursos humanos e materiais e congelamento de progressões profissionais.

A isso – acrescentou – associa-se “um discurso de crescente separação entre o Estado empregador e os seus colaboradores”, que afeta os profissionais e a sua prestação.

Estudos internacionais referem que quando se criam ambientes favoráveis à prática beneficia-se a satisfação dos profissionais, melhoram-se os resultados nos utentes e promove-se a inovação. Em sentido inverso, períodos de tensão profissional afetam as relações pessoais e provocam insatisfação.

Para o Bastonário da OE, “há toda uma questão de justiça e do devido reconhecimento socioeconómico da profissão”, em virtude de o Enfermeiro ser “o eixo motriz” do funcionamento dos serviços de saúde, salvando vidas.

“Urge que seja reconhecido como tal. Urge pensar estrategicamente a longo prazo e não ao alcance de uma legislatura”, sublinhou, lembrando que a realidade do país e da profissão mudou drasticamente nas últimas décadas, e que hoje a sociedade portuguesa exige dos enfermeiros competência, empenho, rigor, responsabilidade social e defesa dos cidadãos.

Dirigindo-se aos jovens que receberam as cédulas profissionais, o Enfermeiro Germano Couto exortou-os a “não baixar os braços”, e a continuar a pugnar pelo direito dos cidadãos a uma saúde de qualidade e com segurança.

Aos enfermeiros que se aposentaram agradeceu o muito que de si deram aos cidadãos e às unidades de saúde, e pelo “contributo inestimável” para o progresso científico e profissional.

Também a Presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional do Centro (SRC) da OE, Enfermeira Isabel Oliveira, criticou a ausência de intervenção política dos governantes para mudar a realidade, e fazer com que se supere “um dos momentos mais difíceis” da Enfermagem Portuguesa.

São as dotações inseguras nos serviços de saúde, o desemprego dos Enfermeiros, a emigração, “num infeliz paradoxo com as reais necessidades dos cidadãos em cuidados de Enfermagem”, explicou.

Nesse sentido, disse que outros países continuarão a usufruir do desempenho de Enfermeiros sem que tenham investido na sua formação.
“Estamos a assistir a uma oportunidade desperdiçada do nosso país e a um dos maiores constrangimentos da história recente da enfermagem: uma geração altamente qualificada de enfermeiros perdida para Portugal”, disse.

Além da insuficiente dotação de profissionais de enfermagem nos serviços de Saúde, referiu a Enfermeira Isabel Oliveira, assiste-se a uma privação à prestação de cuidados de saúde de qualidade e seguros em outros contextos igualmente relevantes para a sociedade, como são os Lares e as Escolas.

A presidente do Conselho Diretivo Regional da SRC disse que há também unidades funcionais criadas ao abrigo da nova reforma dos cuidados de saúde primários, como as Unidade de Cuidados na Comunidade e Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, que não receberam de forma equitativa profissionais de enfermagem.

Essas opções – acrescentou – interrogam se “haverá cidadãos de primeira e de segunda” em Portugal.

Na sua intervenção na Cerimónia de Reconhecimento Profissional e de Vinculação à Profissão, o Ministro da Saúde, Dr. Paulo Macedo, reforçou a total confiança no “know-how” e nas competências técnicas e científicas dos enfermeiros, numa alusão à recente polémica sobre a triagem hospitalar.

Elogiou ainda a perseverança e dedicação dos Enfermeiros, bem como o seu profissionalismo, em contextos adversos, e que nas unidades de saúde protagonizam “os milagres” que diariamente acontecem.

Paulo Macedo disse ainda que os Enfermeiros são “uma classe elogiada” no setor da saúde.

Para a Cerimónia de Reconhecimento Profissional e de Vinculação à Profissão, organizada pela SRC da OE, foram convidados perto de meio milhar de jovens Enfermeiros e 120 que se aposentaram na Região Centro.

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