O Bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Enfº Germano Couto, afirmou hoje, em Leiria, que atribuir a competência de prescrição aos seus profissionais é contribuir para que muitos erros de medicação sejam prevenidos.
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No discurso que hoje proferiu na sessão solene de abertura do VII Encontro Ibérico de Enfermagem recorreu a estudos realizados nos EUA que demonstram que os enfermeiros detetam 86% de todos os erros de medicação antes de eles ocorrerem.
Da mesma forma, acrescentou, os enfermeiros são igualmente responsáveis por mais efeitos adversos evitáveis do que qualquer outro profissional de saúde.
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Logo, se a evidência científica atesta as competências dos enfermeiros para evitar erros de medicação ou efeitos adversos, por que razão não podem os enfermeiros prescrever formalmente fármacos e meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, questionou.
Para o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, não se trata aqui de substituir uns profissionais por outros nem tão pouco de usurpação de funções, mas reconher o que é uma prática, pois os enfermeiros já prescrevem atualmente.
Tal medida – salientou – permite aos utentes a efetiva liberdade de escolher o profissional e acaba com as consultas ou atos redundantes.
Segundo o Enfº Germano Couto, o Estado pouparia no mínimo cerca de 1,8 milhões de euros e 150.000 horas de cuidados de médicos de família caso as competências dos enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica fossem rentabilizadas no seguimento de grávidas de baixo risco, sem prejuízo da qualidade assistencial.
Aproveitando a presença na sessão do Diretor-geral da Saúde, Francisco George, em representação do Ministro da Saúde, o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros reiterou a necessidade da criação do Enfermeiro de Família.
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O Enfermeiro de Família desempenhará um papel central enquanto gestor do processo de saúde/doença das famílias. Dar um enfermeiro de família a cada um grupo de 1.550 indivíduos – ou a cerca de 350 famílias – corresponderia a cumprir uma orientação da Organização Mundial da Saúde – recomendação essa que na experiência açoriana já deu provas de melhorias ao nível dos cuidados prestados e da satisfação dos utentes, explicou.
O Enfº Germano Couto lembrou que a Ordem dos Enfermeiros enviou o seu parecer sobre o diploma há cerca de dois meses e que a meta inicialmente traçada pelo Ministéiro da Saúde para a conclusão deste processo era o primeiro trimestre de 2013.
Também a presidente da Secção Regional do Centro da OE, Enfª Isabel Oliveira, na mesma sessão considerou existir um excessivo centralismo médico, que propicia uma convergência exagerada dos processos de decisão em saúde, condicionando o acesso e a qualidade dos cuidados.
Um sistema centrado numa classe profissional não é viável. Não é sustentável. Não é dinâmico. Não se adapta. É caro, acentuou. Na sua perspetiva, pode-se aprender através dos vários exemplos internacionais no que concerne à organização do sistema de saúde.
Sabemos que todos aqueles que recentraram o modelo de prestação de cuidados em função do utente, inserido no seio de uma equipa multidisciplinar ou interdisciplinar, obtiveram uma melhoria expressiva. Esta é uma grande lição, concluiu.
Na sessão solene de abertura do VII Encontro Ibérico de Enfermagem sessão o Diretor-geral da Saúde apelou à concertação entre as Ordens dos Enfermeiros, Farmacêuticos e Médicos no que respeita à prescrição.
Francisco George aproveitou a sessão para anunciar o lançamento de uma campanha nacional dirigida à população para a diminuição do consumo de sal, pelo uso de plantas aromáticas.
A OE entende que os profissionais de enfermagem poderão desempenhar um papel de grande relevância nessa campanha pela vocação que têm de sensibilizar a população para hábitos saudáveis.
O VII Encontro Ibérico de Enfermagem, organizado pela Secção Regional do Centro da OE e pelo Colegio Oficial de Enfermería de Cáceres, encerra ao final da manhã de sábado. A prescrição por enfermeiros é tema central no programa.
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