Coimbra

Avô, pai e filho: Barca Serrana conta a história da família Rodrigues de Penacova

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 8 horas atrás em 04-07-2025

A memória dos tempos em que o Rio Mondego era uma das principais vias de transporte entre a serra e a cidade foi recentemente revitalizada com a inauguração da nova barca serrana, agora exposta no Parque Manuel Braga, em Coimbra.

PUBLICIDADE

publicidade

A inauguração aconteceu esta sexta-feira, no feriado municipal (4 de julho).

PUBLICIDADE

A embarcação, construída artesanalmente pela família Rodrigues, nomeadamente por Paulo e Valdemar (filho e pai), de 53 e 73 anos, respetivamente, e com a ajuda de António Alves, presta homenagem ao legado fluvial da região e ao ofício tradicional dos barqueiros.

Em entrevista, Paulo Rodrigues recorda que a ligação da sua família à barca serrana é antiga: “O meu avô já era barqueiro, fazia o transporte de milho, lenha, vinho, entre outros produtos. Era o meio de transporte da altura entre a serra e a cidade.” A tradição foi retomada em 2006, quando lhes foi lançado o desafio de construir uma primeira réplica da barca, que durante seis anos navegou no Açude em passeios turísticos.

Infelizmente, essa primeira embarcação acabou por ser vandalizada, obrigando à construção de uma nova versão, agora estática, que pode ser apreciada no Parque Manuel Braga. “É uma alegria construir isto com o meu pai. Dá muito trabalho, mas é um orgulho ver o resultado final”, partilha Paulo, salientando que a nova barca segue os mesmos princípios de construção tradicionais, mesmo que não vá navegar.

A construção da barca exigiu a escolha criteriosa da madeira, pinho para o casco e carvalho para a estrutura, além de um processo de secagem específico para garantir a durabilidade da madeira. Foram necessárias cerca de duas semanas, cerca de nove horas diariamente, e as mãos de três pessoas para completar a embarcação.

Embora esta barca em particular não vá navegar, outra semelhante construída pela família ainda realiza passeios turísticos, operada por uma empresa de Penacova. “É bom saber que ainda há barcas a andar no rio, mesmo que esta fique em terra”, refere Valdemar.

A exposição da barca no Parque Verde é mais do que uma peça de artesanato: é um símbolo da identidade local e um tributo a gerações de homens e mulheres que dependiam do rio para o sustento e a ligação entre mundos. Como resume Paulo: “A maior parte das novas gerações nem sabe o que era o trabalho da barca. Esta aqui é para contar essa história.”

Para além da barca, a família de carpinteiros coloca as mãos em que tudo que é madeira. Também são responsáveis pela construção de moinhos de vento.

A barca serrana está agora disponível para ver. Uma obra que carrega consigo não só madeira e saber-fazer, mas também a memória viva de uma região.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE